Igesp ainda não sabe quem é o responsável pela entrada do material, nem que quais detentos seriam os 'donos' das armas.
Depois de dois dias de muita confusão registrada dentro e fora do Presídio Baldomero Cavalcanti, três armas de fogo foram encontradas de posse de presos durante uma revista geral realizada nesta quinta-feira, dia 30, na unidade prisional.
As armas, três pistolas, estavam escondidas numa mesma cela do presídio. Segundo informações de agentes penitenciários, as pistolas seriam duas calibre 380 de modelo 58SS (uma com cabo inox e outra oxidada) e mais uma pistola 938 inox.
De acordo com o ouvidor penitenciário, major PM Marcos Lima, a Intendência Geral do Sistema Penitenciário (Igesp) já teria ‘informes’ da presença de armas com os presos, no entanto, a incursão para encontrar o material teria sido impulsionada pelo fato de presos atirarem contra agentes penitenciários durante uma tentativa de fuga registrada na manhã da última quarta-feira, dia 29.
“Nós já estávamos sabendo da presença das armas e estava sendo feita uma investigação. No entanto, os tiros na tentativa de fuga foi o estopim para buscar as armas”, explicou Lima. Quanto à presença de mais armas no presídio, o ouvidor não descartou a possibilidade, mas se limitou a dizer que estão investigando.
Esta foi a primeira vez que a Igesp confirmou os disparos efetuados contra os agentes que faziam a guarda na muralha do presídio. Até ontem a informação oficial repassada através da assessoria de comunicação era de que os disparos registrados na tentativa de fuga foram de contenção, deflagrados apenas por agentes penitenciários.
“Na tentativa de fuga, os presos estavam de posse de uma arma e saíram atirando nos agentes. Com o revide, houve recuo dos presos para o módulo”, comentou o ouvidor penitenciário.
A Igesp informou ainda que não houve rebelião, que o clima no presídio hoje é tranquilo e que não há registro de feridos, mas, em contato com o Alagoas24Horas, agentes penitenciários afirmam que o clima é tenso nos módulos do presídio.
Os responsáveis pela entrada das armas e os presos que seriam os ‘donos’ do material ainda não foram identificados. “Estamos investigando a entrada das armas. Não podemos informar como elas entraram, mas pode ter sido através de familiares ou dos próprios funcionários. O responsável será punido”, completou o major Lima.
As visitações no Baldomero continuam suspensas até o dia nove de outubro por determinação do juiz da Execução Penal, George Leão Omena. A suspensão, anunciada ontem para os familiares de presos causou tumultuo na porta do presídio e um bloqueio na rodovia BR-104.
Mesmo negando o registro de rebelião no presídio na manhã de ontem, do lado de fora do presídio era possível ouvir o som de bombas de efeito moral na unidade, o que causou desespero nos famíliares que não tinham informações sobre os reeducandos.
O bloqueio da rodovia apenas terminou à noite, quando ficou agendada uma reunião com o juiz da Execução Penal, OAB e reeducandos na manhã de hoje.
Uma reunião que acontece na manhã de hoje na unidade prisional reúne o juiz da Execução Penal, OAB/AL, Centro de Gerenciamento de Crises da PM, Igesp e representantes de módulos na tentativa de chegar a um consenso quanto à suspensão das visitas.
Na reunião, grande parte da reclamação dos presos é com relação à ação do Grupo de Ações Penitenciárias (GAP). Segundo eles, os agentes agiriam de forma truculenta e ainda ameaçam as esposas dos detentos. Ainda segundo os representantes dos módulos, houve muita confusão ontem no módulo IV, onde agentes utilizaram balas de borracha e spray de pimenta dentro do módulo. Alguns presos mostraram escoriações.