Ele começou a prestar seus serviços em 1950.
Neste domingo (1º), enquanto adolescentes irão votar ou trabalhar pela primeira vez como mesários durante as eleições para presidente, governadores, senadores e deputados federais e estaduais, ‘Sêo Rocha’ fará as duas coisas pela quadragésima segunda vez. Ou quadragésima quinta? “Nem me lembro mais”, diz o paranaense José Carlos Mello Rocha, que aos 79 anos de idade já perdeu a conta do número de eleições das quais participou, seja como eleitor ou na condição de mesário.
Considerado o mais antigo mesário do Brasil em atividade pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ‘Sêo Rocha’ começou a prestar seus serviços há 60 anos, em 1950. “É mais de meio século de trabalhos dedicados à cidadania, à consciência de ajudar nas eleições”, fala o aposentado nascido em Jaguariaiva, no Paraná. “Quando era adolescente, gostava de trabalhar em cartório. Desde a primeira vez que fui convocado sempre aceitei e estou até hoje.”
O TSE só não sabe dizer se ‘Sêo Rocha’ é também o mais velho mesário do país. “Provavelmente eu seja”, afirma ele, que neste domingo será presidente da seção 159 da 177º zona eleitoral do Colégio Estadual Rio Branco, em Curitiba (PR).
E por que tanto tempo como mesário? “Ah, meu filho, não sou preguiçoso. Acordo bem cedo e desde 2006 tenho superado problemas. Tive um AVC [acidente vascular cerebral] em 2006 e minha mulher faleceu no ano seguinte. Nunca tivemos filhos, moro sozinho. Por que não continuar a ser mesário? É o que gosto de fazer. O pessoal não acredita, mas adoro ser mesário. Não consigo ficar parado”, conta o viúvo.
E os jovens que reclamam de ser mesários? “Têm de reclamar é do juiz que apita os jogos do Atlético Paranaense e marca pênalti inexistente contra o meu time. Da vida? De ser mesário? Não são motivos para se reclamar. Sei que para alguns trabalhar no domingo é cruel, mas ser mesário é um ato de brasilidade. Amo meu país, sou brasileiro e acho que, apesar dos problemas sociais, o povo é feliz. Somos um país feliz”, diz ‘Sêo Rocha’.
Apesar de gostar de política e ter uma certa popularidade na capital paranaense, o mesário mais antigo do Brasil não gosta de pensar na ideia de concorrer a um cargo político. “Nunca gostei. Gosto de falar sobre política, de pensar em mudanças na lei. Por exemplo: para que voto obrigatório? Voto deveria ser espontâneo. Deveria votar quem estivesse com a consciência plena do dever moral de votar. E não ser obrigado a isso.”
Questionado sobre a eleição mais importante da qual participou como mesário, ‘Sêo Rocha’ contemporiza. "A próxima eleição será sempre a mais importante, a mais inesquecível”.
E com toda a consciência política que tem, Rocha já sabe em quem irá votar, mas despista. “Saber eu sei, mas não vou dizer. Voto é secreto, meu amigo.”
Segundo o TSE, mais de 2 milhões de mesários irão participar das eleições deste ano.