Maioria dos ex-parlamentares perdeu as eleições.
Lúcio Vaz
Tiveram desempenho fraco nas urnas os ex-parlamentares que respondem a processo na Justiça por suposto envolvimento com a Máfia dos Sanguessugas, desbaratada pela Polícia Federal em 2006. O melhor resultado foi obtido pelo ex-deputado federal Nilton Capixaba (PTB-RO), que retorna à Câmara como o terceiro deputado mais votado do estado. Ele fez 52 mil votos. Denunciado pela CPI dos Sanguessugas, Nilton Capixaba teve a cassação recomendada pelo Conselho de Ética da Câmara, mas o seu caso foi arquivado porque ele não conseguiu se reeleger em 2006 e deixou o mandato.
Benjamim Maranhão (PMDB-PB) foi eleito deputado federal na Paraíba com 94,9 mil votos. Em Sergipe, Pastor Heleno (PRB) conseguiu a eleição com 61,5 mil votos. No Rio, Paulo Feijó (PR) assegurou a volta à Câmara com votação apertada: 22,6 mil votos, ficando na 45ª colocação. Josué Bengtson (PTB-PA) fez 112 mil votos e foi eleito no Pará. A situação dos quatro é idêntica. Como não foram reeleitos em 2006, não chegaram a ser julgados pelo Conselho de Ética, que avalia internamente o casos de deputados acusados de ilegalidades, irregularidades ou falta de decoro parlamentar.
Sentindo a dificuldade de retornar ao Congresso, vários dos ex-deputados acusados pela CPI dos Sanguessugas tentaram uma vaga nas assembleias legislativas. Carlos Dunga (PTB-PB) conseguiu se eleger na Paraíba, obtendo 18,8 mil votos. Robério Nunes (DEM-BA), Raimundo Santos (PR-PA) e Vieira Reis (PRB-RJ) fracassaram. Outros tentaram voo ainda maior. João Correia (PMDB-AC) e Agnaldo Muniz (PSC-RO) disputaram uma vaga no Senado, mas saíram derrotados das urnas. Muniz chegou a fazer 187 mil votos em Rondônia.
O Correio citou apenas os casos de ex-parlamentares que respondem a processo na Justiça. No caso daqueles que foram eleitos, o processo será agora transferido para o Supremo Tribunal Federal. Poderá surgir o questionamento sobre um possível julgamento pelo Conselho de Ética da Câmara, já que vários casos foram arquivados em decorrência da não reeleição em 2006. A reportagem não citou casos de ex-parlamentares que foram denunciados pela CPI, mas não respondem a processo judicial.
Eleitores, os grandes juízes
A Operação Sanguessuga foi deflagrada em 4 de maio de 2006. Foram presas 42 pessoas, entre empresários, servidores da Câmara e do Ministério da Saúde e ex-deputados. Entre os presos estava Luiz Antônio Vedoin, sócio da Planam, empresa pivô da quadrilha, como apontou o inquérito policial.
O Correio já havia publicado reportagem, em dezembro de 2005, mostrando a atuação da Máfia das Ambulâncias em Rondônia e em mais quatro estados. Em Rondônia, o principal envolvido era o então deputado Nilton Capixaba (PTB).
Nos meses seguintes, foi realizada a CPI dos Sanguessugas, que apontou o envolvimento de 72 parlamentares com a máfia. A maioria tentou reeleger-se em 2006, mas apenas cinco tiveram sucesso. Essa foi, até agora, a maior punição aos envolvidos. Por enquanto, apenas o ex-deputado Cabo Júlio foi condenado por improbidade administrativa pela Justiça Federal em Minas.
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