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PV definirá em 17 de outubro apoio no segundo turno

Movimento Marina Silva, intelectuais e religiosos terão direito a voto.

MarianaOliveira/G1

Marina Silva, durante coletiva após definição de segundo turno entre Dilma e Serra

Não é só no Brasil, internacionalmente também buscamos alianças no campo da social democracia, e [PT e PSDB] são dois campos da social democracia. Definir por um ou por outro não causaria estranheza. (…) Marina reconheceu publicamente os avanços dos 16 anos da social democracia, tanto do governo FHC quanto do governo Lula."Luiz Penna, presidente do PV, ao afirmar que não seria incoerência escolher entre um dos dois candidatosO Partido Verde (PV) divulgou nesta quarta-feira (6), em São Paulo, que fará uma convenção no dia 17 de outubro, a duas semanas da votação do segundo turno, para deliberar sobre sua posição na disputa presidencial: se apoia Dilma Rousseff (PT) ou José Serra (PSDB).

A convenção será em São Paulo, em local ainda não definido. De acordo com o coordenador da campanha de Marina, João Paulo Capobianco, a decisão ficará na mão de 90 delegados, que serão as pessoas com direito a voto na convenção.

O grupo dos delegados será formada por 15 pessoas de fora do partido (Movimento Marina Silva, intelectuais e religiosos), toda a executiva nacional (composta por cerca de 40 dirigentes), candidatos ao Senado e ao governo pelo PV (mesmo os que não conseguiram vaga), além de deputados federais eleitos. "Essa é uma conta muito difícil de fazer agora, porque alguns deputados federais, por exemplo, são da executiva nacional", explicou Capobianco.

Segundo o coordenador da campanha de Marina, o nome de todos os delegados, incluindo as pessoas fora do partido, só serão divulgados posteriormente. Questionado se todas as religiões teriam representantes, o presidente nacional da legenda e deputado federal eleito por São Paulo, Luiz Penna, afirmou: "Terá evangélicos, católicos (…). Temos uma política clara contra intolerância religiosa. Temos a espiritualidade como postura", disse.

O PV convidou jornalistas para explicar como será definido o apoio no segundo turno. Além de Penna e Capobianco, participou também o vereador e deputado federal eleito pelo Rio, Alfredo Sirkis, que coordenou a campanha de Marina antes da oficialização da candidatura.

De acordo com Sirkis, há três posições que podem ser definidas na convenção: apoio à ex-ministra Dilma, apoio ao ex-governador Serra ou a "não participação no processo eleitoral". "No primeiro turno, você vota no seu candidato do coração. No segundo turno, escolhe por exclusão. Pode haver, com razão, a decisão de não escolher nenhum dos dois", disse.

"Participar do segundo turno não significa aderir a um lado ou outro. Nós podemos chegar a um resultado sem nenhuma aliança. Aliança com um projeto e não com um candidato", completou Capobianco.’

Os dirigentes, no entanto, rejeitaram a palavra neutralidade. "Voto neutro jamais defendemos, podemos dizer voto independente. (…) A participação será ativa. Apoiando programa e defendendo que explicitem as propostas aos 20 milhões que votaram em Marina", disse Capobianco. Questionado se a rejeição à palavra neutralidade era apenas semântica, ele completou: "será uma postura independente. Pode se elogiar um candidato pelo programa sem aderir. Apoio gera apoio formal", disse.

Penna explicou que será possível, independente da posição do partido, que militantes e dirigentes discordem. No entanto, não poderão usar símbolos do partido e deixar claro de que se trata de uma opinião pessoal.

Marina Silva disse nesta quarta, em entrevista à rádio Jovem Pan, que a decisão do PV sobre qual candidato apoiar não será unânime. "Em um partido como o PV não tem como imaginar, até pela diversidade que temos, ter um processo unânime, único", disse.

Marina teve 19.636.359 votos no primeiro turno, o equivalente a 19,33% dos votos válidos, e ficou em terceiro lugar na disputa. Ela já foi procurada por PT e PSDB, que consideram importante um eventual apoio da candidata do PV.

Propostas
Alfredo Sirkis afirmou que a ideia é que os candidatos incorporem as propostas de Marina, mas não haverá exigência de que se incorpore tudo. "Não é ame-o ou deixe-o. Não é faca no pescoço. (…) Evidentemente que vão ter que incorporar grande parte do programa e julgaremos o teor das discussões." Ele disse que os dois candidatos do segundo turno "não têm programa de governo", em referência ao fato de Serra ter protocolado discursos no lugar do programa e de Dilma ter apresentado um documento do PT e depois substituído pelo mesmo documento sem os pontos polêmicos.

Luiz Penna disse que o objetivo é que haja um aproveitamento das propostas. "Fizemos 36 [deputados] estaduais, 15 [deputados] federais. É um momento maravilhoso. Queremos aproveitar o prestígio das urnas no futuro programa de governo dos candidatos."

‘Incoerência’
Questionado se, caso o PV apoie um dos dois candidatos, já que Marina disse durante a campanha do primeiro turno que os dois candidatos eram iguais, o presidente nacional da legenda respondeu: "Não é só no Brasil, internacionalmente também buscamos alianças no campo da social democracia e [PT e PSDB] são dois campos da social democracia. [Definir por um ou por outro] não causaria estranheza. (…) Marina reconheceu publicamente os avanços dos 16 anos da social democracia, tanto do governo FHC quanto do governo Lula."

Os dirigentes também não quiseram responder se terão cargos em um eventual governo, caso decidam pelo apoio: "Discussão de governo é posterior ao segundo turno. Somos políticos, não futurólogos", disse Sirkis. Ele também evitou dizer se o PV espera que Marina volte a se candidatar em 2014: "2014? A nossa capacidade de especular não vai tão longe."

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