Na próxima segunda-feira, dia 1º de novembro, um dos nomes mais atuantes do rádio completa 40 anos de profissão. Trata-se do jornalista, radialista, blogueiro e quem sabe um dia – se a modéstia pessoal permitir – escritor, Waldemir Rodrigues.
A história do rádio em Alagoas sempre se confundiu com a trajetória pessoal e profissional de algumas personalidades. Na próxima segunda-feira, dia 1º de novembro, um dos nomes mais atuantes do rádio completa 40 anos de profissão. Trata-se do jornalista, radialista, blogueiro e quem sabe um dia – se a modéstia pessoal permitir – escritor, Waldemir Rodrigues.
O jornalista, que já integrou a equipe do Alagoas24horas, há anos comanda o programa Ministério do Povo, na Rádio Gazeta, além de possuir um blog dedicado – principalmente – ao esporte no site Futebol Alagoano. Figura das mais respeitadas e queridas, é conhecido pela sagacidade, inteligência e, acima de tudo, seriedade com que conduz o seu trabalho.
Os elogios poderiam prosseguir por todo o texto. Contudo, nesta quarta-feira, 27, provavelmente revisitando seu passado, Waldemir Rodrigues nos brinda com o relato dos primórdios de sua carreira. No ano passado, quando completou 39 anos de profissão o jornalista definiu assim a data, ‘com muito orgulho, estou completando hoje 39 anos do dia em que pela primeira vez exerci o privilegiado direito de falar ao microfone de uma emissora de rádio para milhares de ouvintes, como um profissional da informação. Foi, sim, no dia 1º de novembro de 1970, uma semana depois da inauguração do Estádio Rei Pelé, cinco dias depois do convite feito por Luís Carlos Reis e do sofrido teste realizado diante de Raimundo Tadeu e quatro dias depois de ter visto como funcionava o esquema de trabalho de um plantão esportivo, que passei a primeira informação no ar, pela Rádio Gazeta’.
Para marcar a data, e tentando homenagear nosso querido mestre e amigo, reproduzimos neste espaço o relato pessoal do ‘difícil teste’ que revelou um dos maiores nomes da imprensa alagoana. Salve, Waldemir!!!
O começo de tudo
Era o dia 27 de outubro de 1970. Torcedores ainda falavam das emoções do jogo inaugural do Estádio Rei Pelé ocorrido dois dias antes. Saindo do campus da Universidade Federal de Alagoas, depois de duas aulas do curso de Engenharia Civil, eu nunca podia imaginar que o meu destino profissional seria definido naquele dia. Foi pelas mãos do competente profissional Luís Carlos Reis, então locutor e diretor artístico (hoje função definida como diretor de Programação) da Rádio Gazeta que cheguei a esta emissora, na Rua do Comércio, depois de um breve diálogo. Na conversa sobre o Trapichão, “Lula” perguntou se eu não gostaria de tentar a sorte no rádio. E explicou que a equipe da Gazeta comandada por Márcio Canuto, estava precisando de um plantão esportivo. O cargo vago estava sendo ocupado por Milton Vieira, dublê de locutor e discotecário, mas que não era muito chegado ao futebol. Interessei-me. Combinamos descer até a rádio para conversar com o Márcio. Eu já o conhecia. Ele ficou animado e mostrou boa vontade, embora condicionasse a concretização da idéia a uma espécie de teste que teria que ser feito. Na sala de Luís Carlos, fui orientado a escrever algo sobre o jogo seguinte e, como acompanhava tudo de futebol, não tive dificuldades em usar a máquina de datilografia para redigir alguns detalhes sobre a partida Botafogo x Cruzeiro, que inauguraria os refletores do estádio no dia seguinte. O que escrevi, tive depois que ler. No estúdio de gravação, separado do controle técnico por dois vidros, me vi diante de Raimundo Tadeu, durante décadas a maior expressão na área no rádio alagoano. Ele me autorizou a testar o microfone e me mandou começar a ler. Pela forma como balançou a cabeça, deve ter ficado horrível. “Mais vibrante”, disse. “Está muito morto”, definiu. Tentei uma segunda vez. Tadeu riu (acho que para não chorar) e falou: “Melhorou um pouco, mas não é assim. Deixe eu chamar o Milton.” E foi com Milton Vieira, os dois lendo da forma como se apresentava resenha de esportes antigamente, que acabei recebendo a aprovação de Raimundo Tadeu. “Tá bom. Prá começar tá bom.” Comunicados, Márcio e Luís Carlos ficaram satisfeitos (Milton Vieira também porque estava perto de se livrar do problema) e me mandaram vir no dia seguinte para observar como era na prática o trabalho do plantão. Estava descartada a minha ida ao estádio para assistir Botafogo x Cruzeiro. Estava também dado o primeiro passo para eu trabalhar no rádio.