Os resultados serão publicados na revista Science.
Uma pesquisa da Universidade Vanderbilt, nos Estados Unidos, mostra que o ato de digitar, quando praticado por pessoas experientes, é uma atividade controlada por uma espécie de "piloto automático" humano, que consegue captar erros que às vezes o cérebro não nota. Os resultados serão publicados na revista Science nesta sexta-feira (29).
"Todos nós fazemos algumas coisa no ‘piloto automático’ como andar e tarefas domésticas como passar café", diz Gordon Logan, principal autor do estudo. "No caso dessa pesquisa sobre digitação, o que nós descobrimos de surpreendente é que esses processos são dissociados, ou seja, as próprias mãos ‘sabem’ quando cometeram um erro, mesmo quando o cérebro não os percebe."
Para conhecer a relação entre tarefas realizadas no "piloto automático" e a consciência (referida como piloto no estudo) e o papel de cada um na detecção de erros, Logan e Matthew Crump, outro autor do estudo, conduziram experimentos que buscaram separar o que era visto na tela e como os dedos dos voluntários se comportavam ao digitar.
No primeiro deles, digitadores experientes foram solicitados a reproduzir palavras que apareciam em uma tela e comentar se haviam ou não cometido erros. Com um programa de computador, os dois cientistas corrigiram deslizes e alteraram palavras escritas corretamente.
Também levaram em conta a rapidez de digitação, procurando pela redução de velocidade que ocorre quando alguém aperta uma tecla errada. No final, os digitadores deram notas para o desempenho deles.
Os digitadores, em geral, entenderam como seus os erros gerados pelo computador, assim como emprestaram o crédito pelas correções que a máquina fez. Segundo os cientistas, eles foram enganados pelo programa, mas os dedos, dirigidos pelo "piloto automático", passaram no teste.
As mãos somente pararam quando uma tecla foi pressionada fora de hora, mantendo o ritmo ao escrever palavras certas.
No segundo experimento, os digitadores tiveram de julgar o desempenho logo após a escrita de cada palavra. No último, os pesquisadores contaram aos voluntários que o programa de computador poderia inserir ou excluir erros e pediram, mais uma vez, por uma análise do resultados por parte dos datilógrafos.
As "cobaias" só conseguiram acertar quando de fato erravam no terceiro experimento. Quanto ao padrão dos dedos, o mesmo foi observado em todos os experimentos: os digitadores, sem perceber, reduziram a velocidade ao apertarem teclas fora de hora e mantiveram a rapidez ao grafarem corretamente o que aparecia na tela.
"Os resultados sugerem que a detecção de erros pode acontecer tanto consciente como inconscientemente", diz Crump, pós-doutor em psicologia. "Pessoas compensam os seus erros mesmo quando não os percebem. Nós descobrimos uma nova ferramenta para investigar, separadamente, o papel da consciência e do ‘piloto automático’ na hora de perceber erros de digitação."