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Juros do crédito ao consumidor devem ficar mais caros

Banco Central anuncia a retirada de R$ 61 bilhões da economia para frear a oferta

O Banco Central anunciou nesta sexta-feira (3) uma série de medidas de regulação do mercado de crédito. A principal é a retirada de R$ 61 bilhões da economia brasileira para frear a oferta de crédito, estimulada durante a crise financeira mundial, e aumentar a segurança no setor. O anúncio foi feito pelo presidente do Banco Central, Henrique Meirelles.

– Essas medidas são resposta da avaliação do Banco Central em relação ao crédito e à liquidez do mercado. As medidas terão impacto no mercado de crédito e na inflação.

Para tirar o dinheiro do mercado, o BC anunciou a elevação da cobrança de depósitos compulsórios – dinheiro que os bancos são obrigados a deixar depositado no Banco Central. O adicional sobre depósitos à vista será elevado de 8% para 12%. Para os depósitos a prazo, a alíquota passará de 15% para 20%.

Além disso, o limite de dedução do adicional de compulsórios sobre depósitos à vista foi elevado de R$ 2 bilhões para R$ 2,5 bilhões. Para depósitos a prazo de R$ 2 bilhões para R$ 3 bilhões. As novas alíquotas do compulsório passam a valer a partir da próxima segunda-feira (6).

De acordo com Henrique Meirelles, com a medida, serão retirados R$ 10 bilhões acima do que era recolhido antes da crise financeira mundial.

Quando o objetivo do Banco Central é reduzir a quantidade de dinheiro em circulação na economia, a autoridade monetária aumenta o percentual do compulsório, ou seja, eleva o total de recursos que as instituições financeiras são obrigadas a deixar em uma conta do BC. Essa medida diminui a quantidade de dinheiro que os bancos têm para emprestar aos clientes, o que pode provocar aumento dos juros.

Já quando o objetivo é aumentar o dinheiro disponível para empréstimos, o compulsório é reduzido. Neste caso, aumenta a oferta de crédito e o juro pode recuar.

Além disso, o Banco Central mudou as regras que as instituições financeiras têm de seguir para conceder empréstimos. O objetivo do Banco Central é aumentar a segurança, evitar bolhas, e reduzir a inadimplência. Estas medidas também devem impactar o aumento dos juros ao consumidor.

O FPR (Fator de Ponderação de Risco), que é o fator que determina quanto as instituições financeiras precisam ter de capital para conceder empréstimos, foi elevado de 100% para 150% na maioria das operações de crédito para pessoas físicas com prazo superior a 24 meses. O valor será elevado dos atuais 11% para 16,5% do valor da operação.

O diretor de Política Monetária do BC, Aldo Mendes, explicou esta medida.

– Será exigido mais capital dos bancos que concedem crédito com prazo maior.

Para crédito consignado, a regra só se aplica às operações com prazo superior a 36 meses. As novas medidas só irão valer para operações feitas a partir de 1º de julho do ano que vem.

De acordo com o Banco Central, a inadimplência cresce à medida que os prazos dos empréstimos aumentam. O presidente do BC Henrique Meirelles explicou o motivo do aumento das garantias.

– Operações com prazos de um a dois anos apresentam após 12 meses inadimplência de 1,5%. Prazos de três a quatro anos, têm inadimplência de 6% que sobe até 8% para prazos de cinco a dez anos. Existe tendência de aumento da inadimplência no final. Isso mostra que é preciso reduzir a inadimplência e aumentar as garantias. São medidas prudenciais que terão efeito no mercado de crédito. Pode se afirmar que terão impacto macroeconômico, no tamanho do mercado de crédito e nos preços.