A paralisação tem o objetivo de denunciar o cerceamento da atividade médica pelos planos de saúde, protestar contra o mau atendimento aos usuários de planos e questionar os baixos valores pagos aos médicos de todo o país.
Mais de 150 mil médicos de todo o país que atendem pacientes de planos de saúde devem suspender as consultas nesta quinta-feira, 7, quando é comemorado o Dia Mundial da Saúde. Em Alagoas a mobilização não ocupará ruas, nem haverá barulho, mas as consultas também serão suspensas, exceto os atendimentos de urgência e emergência.
A categoria estará reunida no início da manhã no Sindicato dos Médicos de Alagoas para discutir as deficiências enfrentadas pelos médicos e reivindicar soluções urgentes.
Segundo o presidente da Sociedade Alagoana de Medicina e coordenador da Comissão de Saúde Suplementar, Cleber Costa, a paralisação tem o objetivo denunciar o cerceamento da atividade médica pelos planos de saúde, protestar contra o mau atendimento aos usuários de planos e questionar os baixos valores pagos aos médicos de todo o país.
O médico explica que estão se sentindo impedidos de realizar o pleno exercício da profissão em detrimento das condições estabelecidas pelos planos. “Por exemplo, eu posso pedir que o paciente faça um ecocardiograma, mas é o plano de saúde que vai determinar se ele pode ou não fazer. Caso tenha feito o exame há pouco tempo, o plano deverá vetar. Se eu decido fazer uma cirurgia em um paciente que necessite e ele tiver uma doença pré-existente, o plano vai vetar a cirurgia. Até mesmo se um paciente estiver internado, a orientação do plano é que ele receba alta, o mais rápido possível”, contou Costa, argumentando que essas situações vão de encontro aos preceitos da medicina.
Além disso, o médico explica que há casos de planos de saúde que pagam bônus aos médicos que prescreverem menos exames durante o mês. Estes são alguns dos fatores que resultam na judicialização da medicina. Ou seja, os usuários que necessitem de serviços são obrigados a ingressar com ações na Justiça para obrigar os planos a cumpri-los. “Quanto mais complexo o procedimento, maior a dificuldade de liberar”, afirma Cleber Costa.
Sobre o repasse dos honorários médicos, mais denúncias. Segundo dados do IPCA, nos último dez anos os planos de saúde tiveram um aumento de 133%, acima do índice inflacionário, enquanto o repasse para os médicos chegou a casa dos 44%. Os números, associados aos problemas no atendimento aos pacientes, tem levado muitos médicos a se descredenciar. Como no caso dos urologistas de Alagoas, que só atendem consultas particulares.
Segue abaixo, alguns valores de consultas e procedimentos repassados para os médicos credenciados. Os números fazem parte de uma pesquisa do CREMESP e diz respeito aos médicos, sobretudo, de Minas Gerais e São Paulo. A própria pesquisa reconhece que em outras partes do país, como em Alagoas, os valores são ainda menores.
Cesariana – valor médio R$ 284,18 – valor mínimo R$ 161,92
Consulta – valor médio R$ 39,65 – valor mínimo R$ 25,00
Visita hospitalar – valor médio R$ 44,80 – valor mínimo R$ 35,00
Eletrocardiograma – valor médio R$ 16,00 – valor mínimo R$ 10,00
Imobilização de membros (sem gesso)- valor médio R$ 8,00 – valor mínimo R$ 6,00