Sem sete titulares, Tricolor gaúcho luta, mas perde por 1 a 0 para a Universidad Católica em Santiago, e sonho do tri é adiado
Os gremistas se prendiam à famosa imortalidade tricolor, mas nem ela foi capaz de ignorar tantos problemas. No estádio San Carlos de Apoquindo, em Santiago, no Chile, mais uma vez o sonho do tricampeonato continental teve de ser adiado, e o Grêmio deu um precoce adeus à Libertadores de 2011. A derrota por 1 a 0 expôs a limitação de um time que passou por todos os tipos de contratempos nos últimos dias: lesões em série, dispensa de Carlos Alberto, expulsão de Borges e derrota, nos pênaltis, no Gre-Nal de domingo.
Como consolação, se isso é possível neste momento, pelo menos um grande motivo para sorrir. Momentos antes do apito inicial de Carlos Amarilla, o arquirrival Internacional foi surpreendido pelo Peñarol no Beira-Rio e também deu adeus à Libertadores. Se não avançaram às quartas de final, os gremistas, pelo menos, não sofrerão com as provocações adversárias, haja vista que o Rio Grande do Sul não terá muita vontade de falar sobre futebol nesta quinta-feira.
Na tática e no grito
Antes do jogo, Renato Gaúcho preparou os jogadores para uma verdadeira batalha em Santiago. Foram 30 minutos de conversa e incentivos, que acirraram os ânimos dos gremistas. E se não entraram voando em campo, os tricolores se mostraram capazes de evitar uma esperada pressão inicial dos chilenos, que jogavam diante do San Carlos de Apoquindo abarrotado de gente. Reconhecida pela exigência excessiva, muitas vezes vaiando o time nos empates em casa – foi assim no 0 a 0 com o Vélez Sarsfield na primeira fase – nesta noite a torcida conhecida como ‘Cruzados’ compreendeu a necessidade de apoiar.
Lucas Pratto disputa bola Rafel Rafael Marques (Foto: Reuters)Com Lins no lugar de Leando – modificação de última hora de Renato Gaúcho -, os gremistas vestiram as armaduras e não se intimidaram com a torcida chilena e suas ininterruptas cantorias. O time brasileiro controlou a posse de bola, trocando passes no campo de ataque. Douglas, o maior foco de talento do Grêmio em campo, foi o responsável pelos lances de perigo na etapa inicial. Aos sete, cobrou uma falta por cima do gol. Três minutos depois, cruzou com efeito da direita e quase surpreendeu o goleiro Garcés. Aos 36, bateu por cima de fora da área, no lance mais perigoso do Tricolor no primeiro tempo. Nada que tirasse os chilenos do sério. Porém, o camisa 10 deixou claro que os brasileiros queriam jogo.
Mas sem os avanços de Gabriel pela direita ou atacantes insinuantes na área adversária, aos poucos o clube gaúcho foi perdendo o domínio territorial. O Universidad Católica cresceu e também teve seus momentos. Sempre com Pratto – carrasco tricolor na partida do Olímpico. Primeiro, ele arriscou de fora da área e levou perigo. Na sequência, acertou uma forte cabeçada que obrigou Marcelo Grohe a fazer uma grande defesa.
Renato ousa, mas Grêmio é eliminado
Na volta do intervalo, nada de mudanças de nomes, apenas de postura. Em relação ao primeiro tempo, o Grêmio perdeu muito espaço territorial e ainda ficou mais vunerável aos contra-ataques. Apesar de pouco finalizar, a Universidad Católica era mais equilibrada em campo. E foi neste momento do jogo, quando os chilenos pareciam donos do campo, que o Grêmio teve sua grande chance. Aos 16, Vilson deu uma de Douglas, arrancou pelo pelo meio e abriu para Fernando na direita. Livre, o volante cruzou na medida para Júnior Viçosa que, à lá Bebeto, acertou um bonito vôleio. Valenzuela, em cima da linha, conseguiu o corte de cabeça, evitando o gol tricolor.
A Universidad Católica, não constrangeu jogar defensivamente em casa. Afinal, desde 1997 o clube não chegava às quartas de final da Libertadores. Passar a esta fase novamente, quatorze anos após a eliminação para o rival Colo Colo, era considerado um feito histórico pelos jogadores. Com o objetivo de fazer o tempo passar com um pouco mais de controle da bola, Pizzi substituiu o volante Tomas Costa, lesionado, pelo meia Mirosevic – ídolo da torcida, recém recuperado de lesão. A resposta de Renato Gaúcho foi quase imediata.
Aos 19, o técnico do Grêmio trocou o zagueiro Rafael Marques, com dores musculares, pelo atacante Leandro. Vilson saiu do meio-campo para a defesa, e o Grêmio passou do 4-4-2 para o 4-3-3.
Mas as jogadas de velocidade pretendidas pelo Grêmio foram prejudicadas por uma característica do estádio, à beira da Cordilheira dos Andes, mil metros acima do centro de Santiago. Com a queda brusca da temperatura à noite, o gramado concentra umidade, e torna-se escorregadio. Não foram poucas as vezes em que jogadores do Grêmio estatelaram-se no chão, ludibriados pelo campo ensaboado. Já perto do fim, com nada mais a perder, Renato, que não tinha muitas opções no banco, trocou Lins e Mário Fernandes por Escudero e Vinícius Pacheco. Ofensivamente, as alterações não surtiram efeito, mas deixaram o time exposto a contra-ataques. E num deles, pelo setor onde Mário Fernandes se posiciona antes de deixar o jogodeveria fazer a marcação, Silva recebeu livre e cruzou na medida para Mirosevic cabecear e fechar o caixão tricolor, aos 41 minutos da etapa derradeira.