Até então, a pessoa fazia o teste de HIV pelo método Elisa.
O presidente do Conselho Regional de Medicina de Alagoas, Fernando Pedrosa, especialista em infectologia, disse que o novo teste de HIV pode ajudar – e muito – o controle da doença no País, já que o resultado é dado seguramente em apenas 20 minutos. “Pelo método anterior, feito em etapas, a espera é de mais de 10 dias para a confirmação da doença. Numa das fases do exame o paciente desiste, e isso pode gerar complicações na saúde do indivíduo, além de comprometer a estatística e o tratamento da doença no Brasil”, opinou Pedrosa.
Segundo ele, a literatura médica mostra que cerca de 40% das pessoas submetidas ao teste de HIV não voltam para buscar o resultado final do exame. Para driblar o problema, o ideal seria o Ministério da Saúde viabilizar um teste mais rápido, o que já é possível com o Imunoblot, produzido pelo Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos/Fiocruz). Com ele, o cidadão chega ao posto de saúde e em 20 minutos vai embora sabendo se é soropositivo ou não, podendo iniciar o tratamento imediatamente, a fim de obter maior chance de sucesso na terapia medicamentosa. Prático assim.
Até então, a pessoa fazia o teste de HIV pelo método Elisa. Dando positivo, voltaria ao serviço de saúde, recebendo orientação para fazer outro exame confirmatório, pelo método western blot (o mais usado) ou imunofluorescência, mas a espera pelo resultado final leva dias ou semanas. Com o teste rápido, como o nome sugere, o processo é quase instantâneo. Esse teste é fruto de uma parceria entre Biomanguinhos e o laboratório americano Chembio. A cooperação técnica/comercial entre ambos permitiu o desenvolvimento conjunto, no Brasil, de dois kits de testes rápidos – o de triagem, lançado em fevereiro pelo ministro Alexandre Padilha, e o confirmatório, chamado de Imunoblot e que foi divulgado essa semana durante o 2.º Simpósio Internacional de Imunobiológicos.
Para fazer o teste, o paciente recebe uma picada no dedo. O vírus HIV é identificado já a partir do 25.º dia de infecção, como mostraram os estudos preliminares. O governo determinou que nessa fase inicial, os kits rápidos serão usados em grupos hoje considerados mais vulneráveis ou que inspiram maior cuidado – como moradores de rua, prostitutas, garotos de programa -; populações indígenas e ribeirinhas; grávidas que não completaram o pré-natal. Também serão usados em campanhas específicas do Ministério, como as que ocorrem em grandes eventos de aglomeração pública, como carnaval, festa do peão boiadeiro, entre outras do gênero.
De acordo com Jarbas Barbosa, secretário de Vigilância em Saúde do MS "o teste rápido tem um papel estratégico. O Brasil ainda tem mortalidade elevada por aids e isso não é compatível com um País que oferece gratuitamente todos os antirretrovirais do mercado. Essa alta mortalidade só é explicada porque as pessoas chegam tardiamente ao diagnóstico. É preciso romper essa barreira social, cultural, que leva a pessoa a não fazer o exame para não passar por semanas de angústia até sair o resultado", afirmou.
O custo estimado do Imunoblot é cinco vezes mais baixo do que o do western blot, o que permitirá ao governo financiar mais kits para os Estados. No ano passado, o governo federal repassou R$ 4,23 milhões, para ressarcir as secretarias de saúde pela compra 49.784 testes. A capacidade inicial de Biomanguinhos é de produzir 200 mil kits por ano. A idéia do governo é substituir os métodos Elisa/western blot pelos kits rápidos dentro de dois anos.