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Felipe França troca choro por sorriso e é campeão mundial nos 50m peito

Brasileiro supera o sul-africano Van Der Burgh e conquista o ouro em Xangai

Satiro Sodré / AGIF

Punho direito cerrado, Felipe França comemora o ouro nos 50m peito em Xangai

No Mundial de 2009, em Roma, Felipe França ajoelhou-se no pódio e, com a medalha de prata pendurada no pescoço, desabou em choro. Ao seu lado, de pé, o sul-africano Cameron Van Der Burgh era o dono do ouro nos 50m peito. Dois anos depois, tudo mudou. Na manhã desta quarta-feira, já de noite na China, o brasileiro precisou de 27s01 para conseguir o que parecia improvável: derrubou o temido adversário, bateu em primeiro na piscina de Xangai e arrancou uma inédita medalha de ouro para o Brasil. No pódio, manteve-se de pé e não derramou uma lágrima. Ouviu o hino e sorriu. Desta vez, um sorriso de campeão mundial.

Van Der Burgh não ficou sequer com a prata. Com o tempo de 27s19, chegou em terceiro, atrás do italiano Fabio Scozzoli, que cravou 27s17 e garantiu o segundo lugar. Religioso, Felipe misturou em sua lista de agradecimentos o divino e o terreno.

– Não tenho muita coisa para falar, apenas dou graças a Deus por ganhar essa medalha de ouro. Treinei bastante para isso, junto ao meu técnico Arilson e ao biomecânico Paulo César. Desde o começo do ano temos trabalhado na performance de cada centímetro na piscina para melhorar o desempenho de cada segundo, de cada centésimo, a cada dez metros, a cada cinco metros – afirmou o novo campeão mundial.

De camiseta branca e grandes fones no ouvido, Felipe apareceu no Centro Esportivo Oriental ouvindo música e foi se preparar na raia 5. Após o silêncio que tomou conta do complexo na hora da largada, o brasileiro saltou rumo ao ouro. Em prova muito disputada, chegou em primeiro e festejou com raiva. Com a expressão fechada, levantou os dois braços apontando para o céu. Depois socou a água com a mão esquerda, cerrou o punho direito e vibrou muito.

No pódio, enquanto Van Der Burgh e Scozzoli recebiam suas medalhas, Felipe passou boa parte do tempo ajeitando o cabelo. Subiu no degrau mais alto, acenou para o público e cumprimentou os rivais. Olhou para a medalha, conferiu a cor e suspirou. Segurou o choro e, já no fim do hino, fechou os olhos. Ao contrário de 2009, não se ajoelhou e não derramou uma lágrima. Mas sorriu quando a bandeira brasileira chegou no alto.

Na semifinal, Felipe tinha avançado com o segundo melhor tempo, 26s95, atrás apenas de Van Der Burgh, até então uma pedra no seu sapato. O brasileiro até tinha vencido um capítulo da rivalidade no ano passado, quando bateu o rival no Mundial de piscina curta. Agora, na longa, dá o troco de 2009, vence a prova – que não está no programa olímpico – e conquista o terceiro ouro do Brasil no Mundial de Xangai. Os outros foram de Ana Marcela na maratona aquática de 25km e de Cesar Cielo nos 50m borboleta.

O ouro redime com sobras o brasileiro na China. Em sua primeira prova no Mundial, os 100m peito, sequer conseguiu avançar à final. Culpou uma dor de cabeça e deixou a piscina chateado, em silêncio. Agora, conseguiu soltar o sorriso de campeão.