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Bando de Nem transforma presídio em entreposto do tráfico

Duas cartas apreendidas segunda-feira na Rocinha, por agentes do Batalhão de Operações Especiais (Bope), mostram que a quadrilha do traficante Antônio Bomfim Lopes, o Nem, enviava drogas com regularidade para presos revenderem na Penitenciária Jonas Lopes de Carvalho (Bangu 4).

Duas cartas apreendidas segunda-feira na Rocinha, por agentes do Batalhão de Operações Especiais (Bope), mostram que a quadrilha do traficante Antônio Bomfim Lopes, o Nem, enviava drogas com regularidade para presos revenderem na Penitenciária Jonas Lopes de Carvalho (Bangu 4).

Um comércio tão intenso, de acordo com o relato contido nas correspondências, que credencia a cadeia como entreposto da facção Amigos dos Amigos (ADA), comandada por Nem. As cartas, escritas por homens do bando do traficante – presos no ano passado durante o ataque ao Hotel Intercontinental, em São Conrado – foram encontradas pelos policiais na casa de Johny Wallace da Silva Viana, o Xexéo, administrador dos negócios de Nem.

Neste sábado, o chefe de segurança e disciplina do Presídio Federal de Segurança Máxima de Campo Grande, Ricardo Marques Sarto, explicou que Nem terá direito a visita de familiares se esses fizerem cadastro no Departamento Penitenciário Nacional (Depen) e obtiverem autorização, que é concedida após investigação detalhada do órgão.

Nem está no presídio federal de segurança máxima de Campo Grande, em Mato Grosso do Sul, e ficará 20 dias em completo isolamento, inclusive sem banho de sol. O mesmo procedimento será adotado com outros três traficantes transferidos juntamente com Nem – Flávio Melo dos Santos, Carré e Coelho.

Ainda de acordo com Sarto, todos os presos passaram por exame de corpo de delito no Rio de Janeiro. Sarto acrescentou que o isolamento é um procedimento comum, e serve para que os detentos passem pela avaliação de psicólogos, assistentes sociais e médicos. A partir da análise do comportamento dos detentos, será decidida em qual ala eles vão ficar. Eles também tomarão conhecimento das regras do presídio para, então, serem transferidos para a cela.

Por volta das 6h da manhã deste sábado, Nem e seus comparsas deixaram o presídio de Bangu 1, na Zona Oeste do Rio, sob forte escolta. Um comboio com dez carros, com apoio de 40 homens do Serviço de Operações Especiais (SOE) da Secretaria Estadual de Administração Penitenciária (Seap), acompanhou os criminosos, que seguiam para o Presídio Federal de Segurança Máxima de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul.

O pedido de transferência foi feito pelo Tribunal de Justiça do Rio e autorizado pela Justiça Federal. O transporte foi feito em um avião da Polícia Federal.

Ocupação da Rocinha
Nem foi preso na madrugada do último dia 10, quando era levado no porta-malas de um carro de luxo. Policiais militares desconfiaram do veículo e o abordaram. Um dos ocupantes se identificou como cônsul honorário do Congo e se negou a permitir a vistoria. Os policiais então decidiram conduzir o veículo para a sede da polícia. Os ocupantes acabaram desistindo de evitar a vistoria e Nem foi descoberto no porta-malas do carro.

Na madrugada de domingo, dia 12, as forças de segurança do Rio deram início à operação de ocupação da Rocinha, na Zona Sul do Rio. A ação foi concluída com sucesso na manhã do mesmo dia, sem confronto com traficantes.