Ex-líder comunitário nega acusações; ele é assessor de vereadora do Rio.
Um vídeo de 18 minutos gravado por uma moradora da Rocinha, na Zona Sul do Rio, levou a polícia a prender o ex-líder comunitário da Rocinha, William de Oliveira, nesta sexta-feira (2). Segundo a polícia, as imagens mostram William negociando um fuzil com o traficante Antonio Bonfim Lopes, o Nem, ex-chefe do tráfico da Rocinha.
A polícia informou ainda que o vídeo foi entregue por uma mulher ao delegado da Delegacia de Roubos e Furtos de Automóveis (DRFA) logo após a ocupação da comunidade. Nas imagens, segundo a polícia, há um terceiro envolvido que ainda está foragido. As imagens mostram William recebendo dinheiro de Nem. Imagens foram apresentadas aos jornalistas durante coletiva nesta sexta, mas o vídeo ainda não foi disponibilizado pela polícia.
"Não há dúvidas da verocidade dessas imagens", afirmou a chefe de Polícia Civil do Rio, delegada Martha Rocha.
Durante a apresentação do preso, nesta sexta, ele negou o envolvimento com o tráfico de drogas. "Foi uma armadilha. Eu não estava vendendo fuzil. Minha família não sabe disso. A vereadora não sabe disso. Esse dinheiro foi uma doação para a minha campanha. Devolvi o dinheiro lá embaixo depois. Nâo sou criminoso. Estão tentando destruir a minha vida", disse William.
William trabalha como assessor da vereadora Andrea Gouvêa Vieira e, segundo ele, o dinheiro dado por Nem foi para a campanha dele, que concorria a uma vaga de deputado estadual nas eleições de 2010.
Em nota, a vereadora Andrea Gouvêa Vieira afirma que "tomou iniciativa de esclarecer que William de Oliveira é seu assessor desde 2007. Ele é nomeado oficialmente pela Câmara Municipal do Rio de Janeiro e a vereadora tem plena confiança nele".
De acordo com a assessoria da vereadora, William de Oliveira é auxiliar de gabinete e ganha R$ 4 mil mensais.
Segundo policiais Delegacia de Roubos e Furtos de Automóveis (DRFA), William da Rocinha é acusado de associação para o tráfico e venda de arma de uso exclusivo das Forças Armadas.
"A Polícia Civil tem condições de afirmar que ele era ligado ao tráfico de drogas, inclusive participou de venda de arma para o traficante Nem. Podemos afirmar que temos provas suficientes que ele era conivente", afirmou o delegado Márcio Mendonça, acrescentando que outras pessoas envolvidas também vão ser presas.
De acordo com o delegado, agentes cumpriram mandado de busca e apreensão na casa do ex-presidente da associação de moradores da Rocinha e as investigações continuam. "Apreendemos computadores, documentos. Esses documentos vão ser periciados", disse Mendonça.
Nesta sexta (2), a polícia cumpre mandados de busca e apreensão na casa do traficante Nem, apontado como chefe do tráfico da Rocinha, que foi preso no início de novembro, às vésperas da ocupação policial nas favelas da Rocinha, Vidigal e Chácara do Céu. Ele cumpre pena no Presídio Federal de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, e também vai responder por esses dois crimes.
"Por essa investigação nossa conseguimos provar que o Nem estava envolvido na compra de armas. A ação foi contra ele e contra as pessoas ligadas a ele", completou o delegado Márcio Mendonça.