Muitas pessoas ainda adiam o diagnóstico devido ao constrangimento de procurar um proctologista, mas as campanhas educativas têm ajudado a vencer esse tabu.
Os sintomas podem assustar, mas quando diagnosticada precocemente a doença hemorroidária ou simplesmente hemorróidas pode ser tratada com reeducação alimentar, prática de atividades físicas, medicamentos e procedimento cirúrgico. Muitas pessoas ainda adiam o diagnóstico devido ao constrangimento de procurar um proctologista, mas as campanhas educativas têm ajudado a vencer esse tabu.
De acordo com o proctologista Carlos Alberto Gomes, diretor do Hospital Geral do Estado (HGE), a hemorróida é uma veia existente na região anal, que serve para drenar o sangue do reto e ânus. “Quando estas veias se dilatam e inflamam, causando sangramento, dor e coceira é que recebem o nome de hemorróidas. Todos têm as veias, mas somente 5% da população vão apresentar dilatação e suas consequências”, explicou.
Apesar de não haver relação de causa e efeito entre hemorróidas e câncer, ambos podem ter o mesmo sintoma, que é o sangramento, por isso, é necessário procurar atendimento médico para esclarecer sua origem. As hemorróidas são mais comuns em adultos jovens, mas podem acometer recém-nascidos e idosos. O sintoma mais relatado é o sangramento anal indolor durante a evacuação que cessa em seguida.
Segundo o especialista, há pacientes que descrevem sentir um peso na região anal, coceira e a sensação de palpar uma ‘bolinha de carne” na área do ânus. “Em casos de complicações, como a trombose – quando o sangue coagula dento da hemorróida – ocorre forte dor e nodulação no ânus, bem como sangramento”, informou.
Após o diagnóstico das hemorróidas, o paciente vai precisar agregar novos hábitos alimentares, com o aumento da ingestão de água, frutas, legumes, verduras e alimentos ricos em fibra. “No entanto, devemos lembrar que o consumo de fibras sem aumento da ingestão de água provoca o ressecamento das fezes, dificultando o retorno do sangue e piorando ou até causando a dilatação dos vasos”, alertou o proctologista Carlos Alberto Gomes.
Praticar atividades físicas, principalmente as aeróbicas, melhora a circulação sanguínea. Atender ao chamado do intestino, evitando passar longos períodos sem evacuar também é um forte aliado no combate ao ressecamento das fezes, que pode agravar o quadro de hemorróidas. “Banheiro não é local de leitura; quanto mais tempo se leva para eliminar as fezes, mais tempo ficam dilatadas as hemorróidas”, afirmou.
Alguns cuidados podem ajudar a protelar ou até prevenir essa doença, como evitar o fumo e bebidas destiladas; manter um bom funcionamento intestinal; evitar ganho de peso excessivo e usar, se possível, ao invés de contraceptivos orais um de barreira como o DIU. Contrariando o imaginário popular, não adianta evitar lugares quentes e roupas apertadas, pois esses fatores não representam risco para desencadear hemorróidas.
Tratamento – Os medicamentos são indicados para as fases iniciais da doença, pois melhoram a circulação nas veias e ajudam a reduzir os sintomas de peso e sangramento. “Nestas fases também podemos lançar mão da ligadura elástica, esclerose, coagular com nitrogênio, infra-red e laser. Todos estes tratamentos têm caracteristicamente um tempo de resolução, sendo necessárias outras aplicações; a grande vantagem é que têm baixo risco e melhoram rapidamente os sintomas sem cirurgia”, esclareceu Carlos Alberto Gomes.
Nos graus mais elevados das hemorróidas, a indicação é quase sempre cirúrgica, que pode ser pelo método convencional, em que o cirurgião faz um corte em forma de raquete na região perianal e vai até a origem do vaso para fazer a ligadura. Outro método é a chamada técnica de Longo, onde se utiliza um grampeador (PPH) endo-anal e através deste aparelho interrompe-se o fluxo sanguíneo para o mamilo hemorroidário.
“Já trabalhamos com uma nova técnica chamada de THD, onde através de um doppler encontram-se os vasos doentes e neles aplicamos uma sutura, que assim como a técnica de Longo, interrompe o fluxo sanguíneo das hemorróidas. Quando bem indicados, o tempo de recuperação e o desconforto são mínimos nas duas ultimas técnicas”, destacou.