Cientistas noruegueses afirmaram que a droga pode ajudar.
Segundo estudo dos noruegueses Pal-Orjan Johansen e Teri Krebs publicado neste mês no periódico científico Journal of Psychopharmacology, os efeitos da MDMA, droga sintética conhecida como ecstasy, ajudam pacientes com que sofrem de estresse pós-traumático a se identificar mais rápido com o terapeuta, a controlar melhor as emoções e a lidar melhor com o trauma.
Os pesquisadores, um professor e um aluno da Universidade de Ciência e Tecnologia da Noruega, afirmaram que o ecstasy afeta positivamente o tratamento de três formas.
Primeiro, a droga desencadeia a liberação de ocitocina, um hormônio que, entre outras funções, provoca contrações no útero para o nascimento de um bebê, e poderia reduzir o medo e aumentar a confiança do paciente. Os cientistas consideram que esse é um passo importante, uma vez que o sucesso do tratamento dos casos de estresse pós-traumático depende muito de uma boa relação entre o paciente e o terapeuta.
A droga também ajuda a controlar desequilíbrios cerebrais causados pelo transtorno. Pessoas que sofrem as consequências do estresse pós-traumático têm uma disfunção na ligação entre duas partes do cérebro, e é isso que torna difícil controlar as respostas emocionais às memórias traumáticas. O ecstasy, de acordo com Krebs, tem um efeito contrário do que o estresse pós-traumático sobre essas áreas, reequilibrando a comunicação e ajudando as pessoas a se sentir mais no controle de suas emoções.
Por último, o MDMA, segundo os pesquisadores, estimula a liberação de noradrenalina e de cortisol, duas substâncias relacionadas ao aprendizado emocional que ajudariam no tratamento dos pacientes. Por enquanto, apenas três clínicas estão fazendo testes controlados adicionando MDMA à terapia normal.
O que é o transtorno de estresse pós-traumático
O distúrbio manifesta-se em uma minoria de sobreviventes de eventos traumáticos, como estupros e guerras. O transtorno faz com que essas pessoas continuem experimentando repetidas vezes o evento, através de pesadelos e "flashbacks". Nos tratamentos normais, o terapeuta faz com que a pessoa continue lembrando do trauma até ser capaz de encará-lo sem medo, mas essa terapia não tem efeito em mais de 40% das pessoas que sofrem com o distúrbio.