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Jorge Aragão faz show em União dos Palmares

Artista se apresenta na Serra da Barriga em projeto cultural.

Divulgação

Um dos maiores nomes da música brasileira, Jorge Aragão faz show em União no domingo

Um dos maiores nomes da música brasileira e com mais de 30 anos de carreira, o cantor, compositor e músico Jorge Aragão, será a grande atração da oitava etapa do projeto sociocultural Parque Memorial Quilombo dos Palmares, realizado em parceria da Fundação Sônia Ivar com a Fundação Cultural Palmares, do Ministério da Cultura, na Serra da Barriga, em União dos Palmares. O show acontece no domingo, dia 5 de abril, a partir das 16 horas e conta ainda com a participação de bandas e grupos locais ligados à cultura negra.

Com 20 álbuns (fora as muitas coletâneas) e mais de 30 anos de estrada – Jorge Aragão é o mais recente fenômeno da indústria fonográfica no Brasil. Como compositor, o "poeta do samba" explodiu faz tempo nas vozes dos maiores intérpretes da MPB e é gravado por nove entre dez estrelas; principalmente do samba. Primeiro foi Elza Soares com um hit que atravessou décadas: "Malandro". Depois vieram Beth Carvalho, Alcione, Leci Brandão, Ney Matogrosso, Zeca Pagodinho, Dona Ivone Lara, Negritude Jr., Exalta Samba, Art Popular, Elba Ramalho e Jair Rodrigues, dentre muitos e muitos outros.

Nas vozes de Elba e Jair, por exemplo, o compositor extrapolou fronteiras interplanetárias e teve um dos seus maiores êxitos "acordando" o robô da Nasa em Marte : a música "Coisinha do Pai" – canção que Jorge fez quando do nascimento de uma de suas filhas – em parceria com Luiz Carlos e Almir Guineto e um dos grandes hits da carreira de Beth Carvalho. Mas, por um desses acasos da vida, a carreira solo só decolou no finalzinho dos anos 90 com o ingresso na gravadora Indie Records.

"Sambista a bordo", o CD de estréia na Indie, fez com que suas vendas disparassem e o artista ganhou seu primeiro disco de ouro! Os seguintes tiveram premiações em ouro, platina e platina duplo. Só de 2001 para 2002 Jorge vendeu mais de dois milhões de discos, transformando-se num verdadeiro fenômeno mercadológico. Até porque o "poetinha" beirava os cinquenta e jamais havia passado das sessenta mil cópias por álbum. Cifra alcançada com o lançamento do "Sambista" em seu primeiro dia nas lojas.

Fundo de Quintal

Um dos fundadores do Grupo Fundo de Quintal, conjunto de samba que fez história na música brasileira e rende "filhotes’ até hoje pelo país afora, Jorge Aragão ficou no conjunto por pouco tempo por achar, na época, que deveria dedicar-se apenas `a composição. Mas não resistiu e acabou cedendo aos apelos de uma gravadora que o queria como artista exclusivo. O Fundo de Quintal, somente para esclarecer, nasceu na quadra do bloco carnavalesco Cacique de Ramos; local que abrigava a nata do samba nos anos 80. Por lá passaram não só personalidades como Jorge Aragão e Almir Guineto, como bambas do naipe de Arlindo Cruz e Sombrinha (que também fizeram parte do Fundo de Quintal em suas formações posteriores).

Jorge Aragão, felizmente, não virou "apenas compositor" e acabou conquistando o público também com seu timbre raro, sensual, e interpretações personalíssimas. Tanto que, além dos inúmeros prêmios e múltiplas homenagens, ganhou, por unanimidade de votos, o "Troféu Imprensa de Melhor Cantor do Ano" em 2001. A premiação é realizada pelo SBT (uma das maiores redes de televisão do Brasil) e dentre os julgadores estão alguns dos expoentes artísticos do cenário nacional.

Grammy Latino

Jorge é compositor, letrista, músico, intérprete. Um cronista lúcido – e lúdico – de sua época. Dono de hits que venceram o tempo e derrubaram fronteiras. Hits tais como "Malandro", "Coisinha do pai", "Vou festejar", "Enredo do meu samba", "Eu e você sempre", "Coisa de Pele" e até de uma "versão para cavaquinho" da clássica "Ave Maria" de Gounod. Um dos autores da talvez mais famosa "vinheta" nacional, a canção "Globeleza", feita para a Rede Globo de Televisão. Uma das emissoras, vale dizer, que o contrataram como analista dos desfiles das Escolas de Samba do Grupo Especial.

O fenômeno Jorge Aragão, que pretendia ser "apenas um bom e respeitado compositor", merece tudo o que está acontecendo com ele. Por seu talento, qualidade, integridade, compromisso musical. E, basicamente, pelo amor e devoção à musicalidade plural de seu país. Porque, para os que ainda não sabem, Aragão não é só um grande compositor de sambas e pagodes. Ele faz samba, pagode, mas canta também os rítmos do Norte, Nordeste e o amor como poucos.

Suas harmonias são sofisticadas apesar da fusão com a tonalidade popular. E, antes mesmo de se tornar esse visível fenômeno, nosso "Chico Buarque do Samba" poderia ostentar qualquer merecido título. Como o seu xará da Capadócia, o ex- cronometrista de corridas de moto, ex-carregador de eletro-domésticos e ex-vendedor de sapatos (profissões para as quais não tinha nenhum talento) Jorge é um guerreiro nato e iluminado. E, como todos igualmente já sabem, um dos maiores – e melhores – artistas brasileiros de todas as épocas.

Jorge Aragão só deve chegar a Maceió no domingo pela manhã e logo em seguida viaja para União dos Palmares, onde fará o show. Além dele, já se apresentaram na Serra da Barriga, vários nomes, entre eles Luiz Melodia, Tribo de Jah, AfroReggae, Sine Calmon, Margareth Menezes, Sandra de Sá. No dia 19 deste mês, a atração será a banda baiana Olodum.

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