O prazo de validade dos computadores está cada vez mais curto.
O prazo de validade dos computadores está cada vez mais curto. Um componente se desatualiza em poucos dias ou semanas e logo é necessário aumentar a memória, expandir a capacidade do disco rígido e trocar algum outro acessório para que haja compatibilidade com o funcionamento dos programas. Porém, tudo isso tem um preço, que se soma à ansiedade de querer o mais novo. Ademais, a informática virou tradição e alastrou-se nas esferas de convívio humano.
Quando me aproximei de um computador pela primeira vez, estava no colégio. A escola havia comprado um para expor na biblioteca. Era uma das primeiras versões com CD-ROM e o monitor já era colorido. Qualquer demonstração de curiosidade, no entanto, era abafada pela pomposidade da máquina. Ninguém podia tocá-la, a menos que com auxílio do técnico e com um pretexto autorizado. Naquela ocasião, os computadores eram como uma nave espacial que caíra sobre a Terra.
Pouco tempo depois, meu pai apareceu com um computador em casa. Fez questão de deixar no meu quarto. Já se antecipava parte desta nova era digital, em que até compras e encontros se fazem por internet. A novidade apresentava rudimentos, pois o primeiro computador que tivemos era o de monitor com imagens nas cores preta, verde e branca, com o tal de disquetão (cujo espaço de armazenamento é hoje irrelevante) e não servia para muito mais que teclar bobagens e apertar “ENTER”.
Representava um fragmento da novidade. Como não tínhamos a mínima idéia de atribuir-lhe um uso diferente do de redigir frases soltas e escárnios para ser lidos entre amigos, meu pai acabou levando-o embora. Até que, alguns anos depois, o fenômeno foi-se consolidando e surgiu a necessidade de adquirir uma nova máquina. O desenvolvimento da internet no Brasil não tardou muito: o número crescente de salas virtuais de bate-papo, os jogos e informação do mundo todo.
A tecnologia em informática é uma das características mais marcantes do final do século XX e hoje é imprescindível na administração de empresas, secretarias de governo, escolas, supermercados e hospitais. Quem nasceu nos últimos anos não imaginaria uma sociedade sem os benefícios (e também malefícios) da informática. Os jovens têm uma habilidade ímpar para lidar com uma linguagem que é praticamente indecifrável pelas gerações anteriores.
Pouco mais de quinze anos atrás, não se cogitava a disseminação deste aparato tecnológico nem a importância que assumiria a internet. Hoje o computador é imperativo de qualquer lar ou sonho de consumo das classes mais pobres. As experiências de convivência atravessam cada vez mais os recursos proporcionados pelos chips, hardwares, softwares, drivers e logins de cujos avanços tecnológicos não formamos idéia cabal nem sobre o destino a que nos leva.
A informática demanda um novo olhar que faça um balanço entre benefícios e malefícios, assombros e frustrações, avanços e retrocessos.