A previsão meteorológica é de que mais chuva caia nos próximos dias.
A situação precária das estradas de acesso é o primeiro sinal de que a chuva não tem dado trégua em alguns municípios alagoanos. Até esta sexta-feira, 59.606 pessoas haviam sido afetadas em todo o Estado. São famílias que perderam casas e que tiveram que deixar o local onde residiam por conta do risco de desabamento.
A previsão meteorológica é de que mais chuva caia nos próximos dias. Nesta sexta-feira, o governador Teotonio Vilela Filho visitou os municípios de Quebrangulo, Viçosa, Cajueiro, Capela e Marechal Deodoro, onde as chuvas fizeram os maiores estragos.
Somente em Quebrangulo, cerca de 300 pessoas foram prejudicadas pela cheia do Rio Quebrangulinho, que chegou a subir 1,80m acima do normal. Uma escola municipal e o salão paroquial da cidade estão abrigando as famílias que não tiveram para onde ir. Nesses locais, elas recebem assistência e refeições diariamente.
José Cícero Alves da Silva, 28 anos, é uma das pessoas alojadas no Ginásio Poliesportivo José Germano Silveira de Barros Lima. Ele foi deslocado para o local junto com a esposa e a filha depois que teve a casa destruída por conta da força das águas do rio.
Na mesma situação está Geismar Fabrício Ferreira da Silva, 23 anos, que encontrou no ginásio o abrigo de que necessitava depois que também teve a casa destruída. Quando eu cheguei do trabalho a água já tinha destruído tudo. Só consegui recuperar algumas coisas”, afirmou.
Em Viçosa, a situação também é de emergência. Barreiras deslizaram e o Rio Paraíba teve seu nível aumentado por conta das chuvas, fazendo com que muitas famílias perdessem suas casas e tivessem que procurar abrigo em algum local cedido pela prefeitura ou em casas de parentes e amigos. Um total de 1.444 pessoas afetadas.
De acordo com o coordenador da Defesa Civil Municipal, Anacleto Caetano, 160 casas já foram destruídas desde o mês de maio, quando as chuvas foram intensificadas na região. Segundo ele, pelo menos 200 casas correm o risco de desabar a qualquer momento. As pessoas desabrigadas foram colocadas em um estádio de futebol, em casas alugadas pela prefeitura e em dois hotéis, onde recebem atendimento médico, agasalho e alimentação.
Em Viçosa, apesar das orientações dadas pela Defesa Civil, somente na localidade conhecida como Espinhaço da Gata — onde 58 famílias já foram retiradas por conta do deslizamento de terras — outras 25 resistem a sair de suas casas.
A família de Maria da Silva Dias, 34 anos, é uma das que não pensa em abandonar a casa onde mora, apesar do medo. “Meu marido dorme durante o dia e eu fico alerta. À noite acontece o contrário. Eu durmo e ele fica acordado, porque a qualquer momento pode acontecer alguma coisa”, revelou.
Maria Aparecida Silva de Araújo, 37 anos, deu preferência à segurança e saiu de casa há 15 dias. Desde então, está morando — juntamente com o marido e dois filhos — no Estádio Teotônio Vilela. Eles e todas as outras famílias abrigadas no local aguardam a entrega de casas que deverão ser construídas mediante parceria entre os governos. “A nossa casa começou a ficar torta e nós preferimos sair. Agora esperamos receber uma casinha o mais breve possível”, afirmou.
Cajueiro — De acordo com dados da Defesa Civil Estadual, 1.200 pessoas foram afetadas pelas chuvas no município de Cajueiro. Desse total, 104 ficaram desabrigadas e se encontram atualmente em abrigos públicos; 496 ficaram desalojadas e estão na casa de parentes e amigos e outras 600 foram deslocadas e encontram-se atualmente em outra cidade.
No município, quatro escolas e um prédio onde funciona o Peti estão servindo de abrigo para as famílias que não tiveram para onde ir depois que perderam suas casas. Maria Augusta da Conceição, 36 anos, que morava nas proximidades do Rio Paraíba, também foi vítima da força das águas e teve a casa destruída. Ela só conseguiu recuperar alguns pertences e está morando, temporariamente, na Escola Izaura Toledo Costa.
“A minha casa ficava muito próxima ao rio e desabou. Só consegui tirar um berço da minha filha e dois colchões. O resto perdi tudo. Não tem como voltar para lá, não quero morrer”, enfatiza.
Marechal — Em Marechal Deodoro, a Lagoa Mundaú tomou conta das ruas. Uma grande quantidade de água vinda de rios que cortam cidades onde muita chuva caiu nos últimos dias fez com que o nível da lagoa subisse e alagasse diversas ruas, fenômeno que aconteceu, pela última vez, em 1998. Mais de mil pessoas já foram afetadas.
Cerca de 40 casas já desabaram e mais de 200 famílias ficaram desabrigadas. As aulas no município estão suspensas já que muitas pessoas, que não tiveram para onde ir, foram alojadas nas escolas da cidade.
Capela — No município de Capela a situação também é complicada. Lá, trezentas pessoas foram afetadas pela cheia do Rio Paraíba. De acordo com a Defesa Civil Estadual, 150 delas foram deslocadas; 11 desabrigadas e 139 desalojadas.
Os municípios de Quebrangulo, Viçosa e Marechal Deodoro já haviam decretado Situação de Emergência e agora, com o aumento do número de pessoas afetadas, o laudo de Avaliação de Danos será atualizado. Já as cidades de Cajueiro e Capela ainda não haviam decretado situação de emergência, o que deve ser feito agora, por conta dos danos causados pelas chuvas dos últimos dias.