Os Representantes do G8, reunidos em Trieste, disseram que estavam cientes da sensibilidade de Teerã à crítica externa.
Em uma declaração conjunta, os países do G8 (grupo que reúne oito das maiores economias mundiais) vão lamentar a violência pós-eleitoral no Irã e apelar para que o governo iraniano resolva a crise gerada por suspeitas de fraude na eleição presidencial por meio do diálogo democrático, informou nesta quinta-feira um diplomata europeu.
A declaração dos ministros das Relações Exteriores do G8, reunidos na cidade italiana de Trieste, será publicada nesta sexta-feira e vai "lamentar a violência pós-eleitoral" e "exortar o Irão a respeitar os direitos fundamentais, incluindo a liberdade de expressão", segundo o diplomata, que teve acesso a um rascunho da declaração.
O texto deve incluir a mensagem de que "a crise deve ser resolvida através do diálogo democrático e de meios pacíficos", disse o diplomata.
Os países do G8 já esperavam que o Irã fosse um dos assuntos centrais do encontro mesmo antes da crise eleitoral, devido ao programa nuclear do país, que os EUA veem como um disfarce para o desenvolvimento de armas nucleares –o governo do Irã afirma que busca apenas produzir energia, mas a violência nas ruas e as dúvidas sobre a legitimidade da eleição tornaram a discussão ainda mais sensível.
Cerca de 20 pessoas morreram mortas nos protestos contra as supostas fraudes nas eleições do último dia 12, as maiores manifestações de descontentamento popular no país desde a Revolução Islâmica, em 1979.
Os resultados oficiais deram uma vitória por ampla margem para o presidente Mahmoud Ahmadinejad, mas o reformista ex-primeiro-ministro Mir Hossein Mousavi, que ficou em segundo lugar, disse que a votação foi fraudada.
Diplomacia
De acordo com a agência Associated Press, os ministros das relações Exteriores dos oito países, que participam de uma reunião iniciada nesta quinta-feira e que vai até sábado, procuraram chegar a uma posição comum sobre a violenta repressão aos manifestantes.
A reunião tem o objetivo de preparar a cúpula os chefes de Estado do grupo, que será realizada em duas semanas na cidade italiana de Áquila –atingida por um terremoto em abril deste ano que matou mais de 290 pessoas.
O governo da Itália, que havia convidado representantes do Irã para a reunião, pressionou para que fosse enviada uma mensagem dura aos iranianos, mas as autoridades italianas também destacaram a necessidade de não isolar ainda mais o país.
No entanto, a reunião não contará com representantes de Teerã. O porta-voz do Ministério de Relações Exteriores iraniano, Hassan Qashqavi, responsabilizou nesta quinta-feira a Itália, anfitriã do encontro por ocupar a presidência rotativa do G8, pela decisão do país de não participar.
A Comissária para as Relações Exteriores da União Europeia, Benita Ferrero-Waldner, condenou o uso de força excessiva, e apelou para o diálogo entre as partes no Irã.
"Acho que é uma oportunidade perdida para o governo iraniano", disse a comissária europeia.
Autoridades iranianas acusaram dois membros do G8 –os Estados Unidos e o Reino Unido– de incitarem os protestos de rua, o que os dois países negam.
Os Representantes do G8, reunidos em Trieste, disseram que estavam cientes da sensibilidade de Teerã à crítica externa.
O G8, que inclui também a França, Alemanha, Itália, Japão, Canadá e a Rússia, se comprometeu a encontrar uma solução diplomática para a discussão sobre o programa nuclear iraniano, disse a fonte diplomática da agência Reuters.