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OAB registra quase 40 mil casos de violência contra crianças e adolescentes em Alagoas

O relatório aponta ainda 262 homicídios, envolvendo crianças, adolescentes e jovens até 24 anos. Destes, 231 foram praticados com armas de fogo.

Luis Vilar/Alagoas24horas

Presidente da CDH, Gilberto Irineu, acompanhado de conselheiros tutelares

Os números apresentados pela Ordem dos Advogados do Brasil, seccional Alagoas, sobre os casos de violência contra crianças e adolescentes no Estado são alarmantes, conforme o próprio presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB, Gilberto Irineu. Conforme o relatório, são 39.998 ocorrências de violência que possuem menores de idade como vítimas.

O relatório aponta ainda 262 homicídios. Destes, 231 foram praticados com armas de fogo, 18 com armas brancas, três com instrumentos contundente, além de dez homicídios praticados através de pauladas, pedradas e linchamentos. Na visão de Irineu, 90% dos casos estão ligados ao tráfico de drogas. “O tráfico cresce e o Estado não tem feito o combate efetivo. Reconhecemos que há trabalhos sendo feitos, mais ainda é muito pouco. São números alarmantes e o Governo precisa assumir a sua responsabilidade em um conjunto de ações”, sentenciou.

Maceió figura como o maior palco da violência contra crianças e adolescentes. 158 homicídios foram registrados na capital alagoana. Os homicídios contra menores se tornam ainda mais assustadores quando comparados ao quadro de mortes em geral, envolvendo tanto adolescentes quanto adultos. No primeiro semestre foram registrados 800 assassinatos.

O segundo município mais violento é a cidade de Arapiraca, com 16 homicídios. Ainda na capital alagoana, conforme o relatório da Ordem dos Advogados do Brasil, os bairros do Tabuleiro do Martins, Benedito Bentes e Vergel do Lago são os mais preocupantes. “O que chama a atenção é o fato do Benedito Bentes ter sido superado pelo Tabuleiro do Martins. É preciso se pensar operações focadas nestes locais de risco, sobretudo no combate ao tráfico de drogas e no tratamento de usuários. O Estado ainda não tem uma clínica para recuperar estes jovens e reinserí-los na sociedade”, frisou.

Gilberto Irineu critica ainda uma falta de “ações conjuntas” para reduzir os números da violência contra os adolescentes. “Em locais com esta fragilidade e altos índices de miséria, notamos que há uma luta pelo espaço do tráfico de drogas, as mortes por acerto de contas e queima de arquivo, quando o jovem tenta deixar o mundo dos entorpecentes”, avaliou. Irineu não descarta o envolvimento de agentes públicos com o tráfico e disse que é preciso combatê-lo “sem olhar a quem”. “Fazer uma assepsia dentro dos aparelhos do Estado”, sentenciou.

Quanto aos quase 40 mil casos de violência, o presidente da Comissão de Defesa dos Direitos da Criança, José Edmilson Souza, salientou que foram feitas pesquisas nos 106 conselhos municipais do Estado. “Tivemos acesso a um retrato triste e preciso do que sofrem muitas crianças, muitas vezes por ausência de políticas públicas. São crianças e adolescentes que estão à margem e devem ter absoluta prioridade. Temos que lutar para que as crianças sejam prioridades”, disse.

Os casos de violência mais registrados são os de agressão física (espancamentos, surras, lesões, puxões, murros, arranhões, empurrões) que somam 3.902. Além disto, foram registrados 480 casos de violência sexual. A apresentação dos relatórios foi acompanhada pelos conselheiros e deve ser encaminhado para diversas autoridades.