Quatro dias após sua liberação da Casa de Detenção da Polícia Civil, onde permaneceu preso por 24 dias, o delegado Eulálio Rodrigues concedeu entrevista coletiva na manhã desta terça-feira, dia 21.
Quatro dias após sua liberação da Casa de Detenção da Polícia Civil, onde permaneceu preso por 24 dias, acusado de liberar Moisés Santos da Costa Junior, o Gil Bolinha, mediante pagamento de suborno, o delegado Eulálio Rodrigues concedeu entrevista coletiva na manhã desta terça-feira, dia 21, na sede da Associação de Delegados de Polícia Civil de Alagoas (Adepol).
Eulálio Rodrigues negou qualquer irregularidade no procedimento adotado por ele quando da prisão por parte da Polícia Militar de Cleiton Manoel Teixeira da Silva, Moisés Santos da Costa Junior, um menor de 17 anos e Écio da Silva Gonçalves, este último o dono do bar onde os demais foram detidos e o único autuado pelo delegado por tráfico de entorpecentes. De acordo com Eulálio Rodrigues, duas testemunhas teriam sido agredidas pela guarnição da Polícia da Militar – o menor e Cleiton Manoel. O delegado afirma, ainda, que o procedimento foi considerado sem vícios pelo juiz da 15ª Vara, José Cláudio Gomes Lopes.
Rodrigues informou que não havia mandado de prisão em desfavor de Gil Bolinha, que ele estava solto após receber alvará de soltura do juiz da Vara de Execuções Penais e não houve estado de flagrância e que por isso ele teria sido liberado. Quanto à possível intermediação do advogado-pastor Saulo Oliveira, Eulálio Rodrigues disse que sequer chegou a falar com ele. De acordo com o delegado, ele teria informado pelo escrivão José Carlos Minin de que o advogado era uma pessoa ‘séria’ e marido da promotora Marluce Falcão, ex-integrante do Gecoc, mas negou que tenha falado com ele.
O delegado negou veementemente que tenha recebido propina e disse que possui um padrão de vida condizente com os seus vencimentos e sugeriu a quebra do seu sigilo bancário e telefônico para comprovar sua inocência. Questionado porque teria se envolvido nessa trama, o delegado disse desconhecer os motivos, uma vez que “não pertenceria a nenhum grupo de delegados e apenas fazia o seu trabalho”.
“Existem pessoas que querem se manter no poder a qualquer preço, nem que seja destruindo um inocente”, disse Eulálio Rodrigues. Perguntado se estava se referindo à cúpula da Polícia Civil de Alagoas, o delegado confirmou e acrescentou: “houve um equívoco na decretação da minha prisão. O juiz não sabe se as provas são forjadas, ele apenas as aceita da autoridade policial. As provas contra mim foram apresentadas pela cúpula”.
Questionado se pretendia autorizar formalmente a divulgação dos vídeos e áudios que constam como provas contra ele, Eulálio Rodrigues disse que irá fazê-lo no tempo adequado e não como quer José Edson de Freitas, delegado-geral adjunto da PC, que fez a sugestão durante entrevista coletiva. “Existe tempo para tudo, não será do jeito que o dr. Edson quer. Ele tem muito a aprender ainda”.
Eulálio ainda disse que sua prisão foi política e que teria se sentido de volta ao tempo da ditadura, inclusive com intimidação de visitas. O delegado disse que a Polícia Civil de Alagoas – numa alusão à cúpula – perde tempo prendendo delegado, escrivão, advogado e promotora, enquanto a capital figura como a mais violenta do país.