Representantes das religiões de matriz africana reuniram-se com o comandante geral da PM para denunciar a prática: ‘O que eles fazem conosco é a mesma coisa que interromper um padre no meio da missa’.
Representantes das religiões de matriz africana reuniram-se na tarde desta quinta-feira, 23, com o comandante Geral da Polícia Militar, coronel Dalmo Sena, para denunciar a prática de intolerância religiosa por parte de policiais militares em Alagoas. O encontro, que aconteceu no Quartel Geral da PM, no Centro, contou com a participação do presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB, Gilberto Irineu.
Segundo Paulo Silva, presidente da Federação de Zeladores de Culto Afro, templos de candomblé em Maceió e outros municípios têm sido alvos frequentes da interferência da polícia. “Os policiais invadem o templo no meio do culto e, de forma arbitrária e preconceituosa, querem encerrar a celebração. É a mesma coisa que querer interromper um padre no meio da missa”, desabafa.
Paulo Silva conta que, apesar de acontecerem em todo o Estado, ocorrências deste tipo são mais comuns em Maceió. Segundo ele, geralmente os policiais tentam interromper o culto alegando denúncias anônimas acerca de ‘barulho e bagunça’.
“Alguns ameaçam até levar os instrumentos que utilizamos no culto. Além desses instrumentos musicais não fazerem muito barulho, as celebrações não ultrapassam o horário permitido, que é 22h”, afirmou.
De acordo com ele, o coronel Dalmo Sena prometeu que conversaria com seus comandados para que fatos deste tipo não ocorressem mais. A Federação de Zeladores de Culto Afro também ficou de entregar ao Comando da PM uma proposta de inclusão de Noções culturais e religiosas sobre a África na grade curricular da corporação.
“A Constituição Federal assegura o livre direito de culto religioso. Não podemos mais permitir este tipo de violência contra nossa prática religiosa”, finalizou Paulo Silva.