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Mulher de empreiteiro é condenada a 31 anos de prisão

A dona-de-casa confessou que dopou a vítima e deixou a porta da residência do casal aberta, para que os assassinos entrassem e sequestrassem Araújo.

Danielle Silva/Alagoas24horas

‘Nena’ confessou ter participado do assassinato do marido

Após mais de 12 horas de julgamento, a dona-de-casa Maria José da Silva, a Nena, foi condenada a 31 anos de prisão, por ter planejado e contratado os executores do seu companheiro, o empreiteiro José Maria dos Santos, de 55 anos, o Araújo. O crime aconteceu em fevereiro de 2006. A defesa da ré afirmou que irá recorrer da sentença.

Durante o julgamento, Nena chegou a afirmar que planejou a morte do seu marido após descobrir que ele teria molestado sua filha, na época com apenas nove anos. A acusada, no entanto, negou envolvimento com o fotógrafo José Carlos de Almeida Santos, o único foragido, que segundo denúncia do Ministério Público Estadual, seria amante de Nena.

A dona-de-casa confessou que dopou a vítima e deixou a porta da residência do casal aberta, para que os assassinos entrassem e sequestrassem Araújo, que antes de morrer foi amarrado a um fio de telefone, espancado e asfixiado. Seu corpo foi encontrado dias depois em uma propriedade rural no município de Rio Largo. Nena teria afirmado, à época, que o companheiro havia sido sequestrado. Para o promotor Magno Alexandre, a motivação para o crime teria sido os bens do empreiteiro.

Já o policial militar Antonio Rita dos Santos, acusado de intermediar a contratação dos assassinos de Araújo, foi considerado inocente pelo júri e absolvido de todas as acusações. Antonio Rita teria indicado dois colegas de farda para José Carlos, que afirmou estar sendo ameaçado de morte por ARaújo. O julgamento aconteceu no auditório da Escola Superior de Magistratura (Esmal), no bairro do Farol, e foi presidido pelo juiz da 7ª Vara Criminal da Capital, Maurício Brêda.

Em entrevista ao Alagoas24horas, o promotor Magno Alexandre se disse satisfeito com a pena imputada à ré e disse que aguarda a decisão da justiça sobre os dois PMs – identificados como Jairo e Edilson – que recorreram da denúncia do MPE.

O crime

O corpo do empresário José Maria dos Santos foi encontrado no dia 3 de março de 2006, um mês após o seu suposto sequestro, mas o reconhecimento só ocorreu no dia 21, após o corpo ser exumado no Cemitério Divina Pastora. O corpo do empresário foi encontrado em uma mata na região de Rio Largo, com os membros amarrados com fios de telefone. O empresário teria sido dopado e posteriormente asfixiado.

À época do crime, a mulher de Araújo, a Nena, teria ajudado a polícia a encontrar o local onde o corpo havia sido desovado. O corpo, no entanto, já havia sido recolhido pelo Instituto Médico Legal Estácio de Lima e foi enterrado como indigente. As motivações para o crime, segundo o inquérito, seria a descoberta, por parte de Araújo, do romance entre Nena e o fotógrafo José Carlos Almeida, além de motivação financeira.

Antonio Rita dos Santos é acusado de negociar a contratação dos assassinos do empresário. Enquanto Nena e José Carlos são apontados como autores intelectuais. Já José Alexandre Pereira Clemente será julgado por receptação dolosa de objeto roubado, porque pegou o carro da vítima e o vendeu a um estelionatário.

Já condenados

Em janeiro, o MPE, funcionando com o promotor de Justiça Magno Alexandre Moura, conseguiu a condenação do mecânico Luiz Aquino Ferreira em 33 anos de reclusão em regime fechado. Ele foi o terceiro envolvido na morte e foi condenado pelo Tribunal do Júri.

Em novembro do ano passado, a promotoria já havia conseguido a condenação, a 24 anos de prisão, de Marcelo dos Santos que teria auxiliado Aquino a matar o empresário. O comerciante Maciel Gomes da Silva também foi condenado, a três anos de prisão, pela receptação do carro da vítima. Na época, ele comprou o carro da vítima por R$ 500,00.