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Ministro estuda possibilidade de mudança no calendário.

Mudanças serão analisadas.

Renato Pazikas/Terra

A pedido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o governo e entidades ligadas ao futebol terão cerca de 30 dias para apresentar um conjunto de propostas para melhorar a gestão dos clubes e possivelmente adequar o calendário do Brasil às datas dos principais campeonatos de futebol europeu.

"Existem argumentos favoráveis e contrários à mudança do calendário do futebol brasileiro. O fato é que algo tem que ser feito, inclusive a hipótese de vincular o calendário brasileiro ao calendário dos principais países europeus", explicou o ministro do Esporte, Orlando Silva.

A ideia é que o calendário das competições nacionais, como Copa do Brasil, Estaduais e Brasileiro, possa ser equivalente ao da Inglaterra, Espanha e Itália, atualmente os principais mercados para jogadores de futebol. Desta forma, a temporada começaria no segundo semestre, e não no primeiro como ocorre atualmente.

"É um assunto mais complicado do que parece e vai exigir um tempo e estudo para que tenham uma solução interessante. (O calendário) pode mudar. Mudança no calendário é possível, mas vai ter que ser discutido. Hoje foi dado um passo inicial. Na pauta entrou a possibilidade de ajustar o calendário brasileiro ao calendário europeu. É possível? É, mas tem que ser feita uma construção porque aqui envolve patrocinadores, envolve vários clubes, vários interesses diferentes", disse o ministro.

O presidente Lula, presente à reunião, voltou a reclamar da venda de jogadores do Corinthians para o exterior. "A saída de atletas é um ponto de preocupação do presidente. O presidente fica incomodado ao perceber que o futebol brasileiro acaba perdendo potencial e força, acaba rebaixando o nível técnico. Os melhores atletas por vezes saem do país. O presidente da CBF concordou com essas ideias gerais e se comprometeu a dialogar junto com a Fifa para reconhecer as medidas que o Brasil venha a propor", relatou Orlando Silva.

Além de igualar os calendários, o objetivo do governo é conseguir, com o apoio da CBF e do Clube dos 13, traçar estratégias para melhorar a gestão dos clubes de futebol, evitando que as agremiações caiam em incontáveis débitos com o Fisco e atrasem o pagamento de seus atletas e treinadores.

"Saio com a missão de associar a CBF, o Clube dos 13, e o governo para darmos o suporte para que façamos uma espécie de um pacto para fortalecer o futebol brasileiro. Existem altos salários, que envolvem atletas e treinadores, salários que por vezes pode estar fora do padrão do nosso País. Os gastos dos clubes por vezes vão muito além do orçamento dos clubes. Quem sabe, assim como os governos aprenderam muito com a Lei de Responsabilidade Fiscal, que é uma referência interessante para a gestão pública, uma espécie de Lei de Responsabilidade Fiscal para os clubes de futebol no Brasil poderia ser um bom caminho para adequar mais os orçamentos dos clubes à realidade econômica do País", opinou Orlando Silva.

"No mundo inteiro futebol se sustenta por direitos de transmissão, a televisão é muito importante para remunerar o futebol, por licenciamento de produtos, por bilheteria e por transferência de jogadores. O problema é que no Brasil a principal fonte é a transferência dos jogadores. Não há preocupação em ter estádio seguro e confortável para ter aumentar a frequência, modificar o horário para aumentar a frequência nos estádios. A remuneração de TV pode ser ampliada, o licenciamento de produtos exige estratégia de marketing, que exige profissionalismo. O futebol brasileiro pode ser melhor e mais forte¿, declarou o ministro.

As alterações, tanto no calendário como na forma de gerir os clubes, teriam que, após aprovadas, ter um prazo de transição para que todos se adaptem. "O importante é que temos que pensar em soluções que fortaleçam o futebol do Brasil. Não adianta apenas a ação do governo. Tem que ter participação da CBF, do Clube dos 13 e interesse dos clubes de futebol no Brasil", disse.