Operação teve como objetivo pacificar os conflitos entre duas famílias indígenas que disputam o poder das terras.
Uma operação envolvendo a Polícia Federal e o Exército Brasileiro prendeu na manhã desta quarta-feira, dia 12, dois índios da tribo Xucuru-Kariri, na zona rural de Palmeira dos Índios. Segundo a Polícia Federal em Alagoas, a operação teve como objetivo pacificar os conflitos entre duas famílias indígenas que disputam o poder das terras.
As investigações foram conduzidas pelo Ministério Público Federal, através procurador federal em Arapiraca Marcos Carneiro. O órgão, através da assessoria de comunicação, informou que apenas se pronunciará sobre o caso após o término da operação policial.
A operação – intitulada Abaçaí – foi desencadeada por policiais federais do Nordeste e militares do Exército Brasileiro. Eles chegaram na área de reserva por volta das 5 horas de hoje e cumpriram dois dos três mandados de prisão, além de oito de busca e apreensão, na tribo Xucuru-Kariri, nas terras da Fazenda Canto. Foram presos os irmãos Ricardo da Silva e José Elson da Silva.
Representantes da tribo estão em Maceió tentando colher informações sobre os motivos da prisão. Segundo um tio dos presos, José Cassimiro da Silva, a tribo acredita que a prisão dos dois indígenas tenha ligação com o assassinato do irmão deles, ocorrido há um ano e meio nas terras da reserva. A morte do índio José Cícero Ramos, conhecido como Fio, teria desencadeado a disputa entre duas famílias.
Duas pessoas também foram presas, desta vez em flagrante, durante a operação. Um dos acusados – que ainda não tiveram os nomes divulgados – estava de posse de uma espingarda.
Na sede da Superintendência da Polícia Federal em Alagoas, no bairro do Jaraguá, é grande movimentação dos policiais. Várias caixas, com conteúdo não divulgado, foram apreendidas durante a operação.
Os presos realizaram exame de corpo de delito no Instituto Médico Legal Estácio de Lima e estão reclusos na carceragem da Polícia Federal.
Na mitologia Tupi, Abaçaí era um espírito que habitava os ermos das florestas e que possuía o indígena que se apartava de seu grupo, deixando-o em transe arrebatado, fora de si. Um espírito que a ótica dos europeus e da evangelização tentou transformar em "gênio maléfico", desconsiderando a necessidade de evasão tão presente na cultura de todo o mundo.