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O patrão maltratado

Há direitos humanos sendo respeitados aqui?

Tenho me assustado ultimamente com a frieza que estamos desenvolvendo no trato de uns para com os outros! Automaticamente, cumprimos alguns rituais ditos civilizados, mas na hora de expressar qualquer naco de humanidade, uma torrente de indiferença jorra da nossa boca e do nosso olhar!

Uma perversa anomalia, fundamentada neste proceder, grassa por entre as salas dos órgãos públicos, em maioria. Indivíduos caracterizados pela função, ditos “funcionários públicos”, esquecem seus verdadeiros patrões: o público, o povo, a sociedade civil composta por elementos votantes que legitimam a representação do patrão temporário, o gestor.

Quem pode, está se esquivando de procurar tais entidades, ou então, leva a senha indigna do “você sabe com quem está falando?”, ou aquela que apenas indica o tamanho do QI (quem indicou). Aos que não podem se utilizar de tais métodos resta a condição humilhante de pedinte dos próprios direitos!

Jovens bem vestidos e garotas perfumadas formam hoje o batalhão do massacre ideológico do pobre dentro destes ambientes, que de um lado representa a força política dos que estão alocados em suas salas, e do outro a pouca possibilidade de consumo ou de barganha dos que se enfileiram na mendicância institucionalizada, a cada dia!

Buscam atendimento! Seja de saúde, educação, moradia, bonificações programadas, segurança ou justiça! Tudo aquilo que o Estado alardeia oferecer e consegue provar, através de documentos e estatísticas, que oferece. Contudo, na prática, apenas algumas gotinhas homeopáticas, como sugeriu Maquiavel em O Príncipe, são respingadas, aqui e ali.

Nesse cenário, refaço a pergunta: há direitos humanos sendo respeitados aqui? Até quando humilharemos os pobres para nos sentirmos melhores do que eles? Até onde, suportaremos as políticas avessadas em nome de interesses mesquinhos e projetos exclusivos? Concluo afirmando que se a mentalidade não resolve tudo, passa por ela a estagnação ou a transformação! Por isso nos tornamos co-responsáveis pelas injustiças sociais, coadunando nosso pensamento ao da maioria fria, insensível e executora dos desmandos.

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