Representantes irão se reunir com governador.
Desde o último dia 30/09, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) de Alagoas iniciou uma mobilização inédita no Estado. São aproximadamente 300km de caminhada que os 1500 trabalhadores rurais estão percorrendo para cobrar do poder público a realização da reforma agrária e para dialogar com a população das localidades por onde passa sobre a importância dessa política estrutural para resolver os problemas tanto no campo, como na cidade.
A Marcha Estadual por Reforma Agrária e Soberania Popular vai chegar nesta quarta-feira (21/10) em Maceió para se reunir com o Governo do Estado e com o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), entre outros órgãos que assessoram a política agrária no Estado. Uma pauta cobrando a vistoria e desapropriação de terras estratégicas para o Movimento foi protocolada hoje em Maceió.
Para o MST, a política de Reforma Agrária vai além de apenas desapropriar uma fazenda e destiná-la para famílias acampadas (hoje, aproximadamente 5300 famílias em acampamentos do MST). Na pauta protocolada, estão também itens como a construção de escolas, postos de saúde, infra-estrutura de água e energia, além de crédito para incentivar a produção da agricultura familiar.
Por todas as localidades por onde vem passando a Marcha do MST tem conquistado o carisma da população. Os participantes da Marcha passam refletindo com o conjunto da sociedade sobre os problemas relacionados à concentração fundiária e ao Agronegócio. O Censo Agropecuário 2006, divulgado em 30/9 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostra um agravamento da concentração de terras nos últimos 10 anos e o retrato de um modelo de desenvolvimento para o campo que está na contramão das preocupações ambientais e sociais. O estudo reafirma o velho quadro da concentração fundiária no Brasil.
Os dados levantados apontam que as pequenas propriedades (com menos de 10 hectares) ocupam apenas 2,7% da área ocupada por estabelecimentos rurais. Já as grandes propriedades (com mais de 1000 hectares) ocupam 43% da área total. O que torna os números assustadores é o fato de as pequenas propriedades representarem 47% do total de estabelecimentos rurais, enquanto os latifúndios correspondem a apenas 0,91% desse total.