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Pescadores do Jaraguá debatem situação de favela na Câmara

O debate foi proposto pelo vereador Ricardo Barbosa (PSOL), já que o assunto tem causado polêmica e divergências entre os moradores da favela e a Prefeitura Municipal de Maceió.

Luis Vilar/Alagoas24horas

Moradores da Favela do Jaraguá pedem permanência no local

Um grupo de pescadores foi à Câmara Municipal de Maceió, na manhã desta terça-feira, dia 15, para debater a retirada da Favela do Jaraguá, localizada em bairro homônimo de Maceió, onde a maioria dos pescadores reside. O debate foi proposto pelo vereador Ricardo Barbosa (PSOL), já que o assunto tem causado polêmica e divergências entre os moradores da favela e a Prefeitura Municipal de Maceió.

A Prefeitura possui um projeto de reurbanização da área que inclui a retirada da favela e – consequentemente – a remoção dos pescadores para outras regiões de Maceió. Foram oferecidos aos pescadores casas nos bairros do Sobral e no Complexo Benedito Bentes.

No entanto, parte dos trabalhadores reclamam da mudança. Eles afirmam que passariam a ficar longe do mar, que é o local de trabalho. De acordo com a moradora da favela, Maria Enaura Nascimento, não se trata de ser contra a reurbanização, mas a forma como vem acontecendo.

“A Prefeitura simplesmente impôs a nossa saída e colocou como escolha o Sobral e o Benedito Bentes, sem discutir as nossas necessidades. Há uma comunidade que sobrevive dali. O Benedito Bentes neste sentido é praticamente impossível, pois fica muito distante para os pescadores. Queremos trabalhar”, colocou. A sessão de hoje deve buscar um entendimento entre os moradores e a Prefeitura Municipal.

De acordo com Dudu Holanda, a Câmara Municipal pode fazer este papel. “O projeto é bom para os moradores da região e para a cidade de Maceió, já que aquela área é motivo de preocupação até do presidente Luiz Inácio Lula da Silva que apontou para o problema ao visitar nossa capital. A Câmara quer aqui buscar o entendimento, já que os pescadores serão levados para residências dignas”, colocou.

O presidente da Câmara destacou que a resistência ao projeto se dá por uma minoria. “A maioria dos moradores concordam com a mudança. Nós vamos buscar conscientizar a todos, por meio do debate aqui na Câmara, mostrando que a Prefeitura quer transformar a favela em uma colônia para pescadores, onde eles vão poder produzir. É o melhor para eles e nem se compara com a situação em que se encontram hoje”, frisou.

Arbitrariedade

Apesar das colocações de Dudu Holanda, o vereador Ricardo Barbosa se mostra preocupado com o assunto, já que – em sua visão – a proposta de transferência dos pescadores ocorre de forma arbitrária. Barbosa lembrou ainda que o os gestores municipais chegaram a se referir aos moradores da favela como “vagabundos”, o que – segundo o vereador – “casou indignação”.

"Além de serem trabalhadores honestos, esses pescadores e marisqueiras fazem parte da história de Maceió. O local onde vivem atualmente está ligado diretamente aos seus trabalhos. Por mais que digam que o Sobral é perto, se um pescador chegar de madrugada, como andará nesse horário numa cidade sem segurança como a nossa? Esse debate não dever unilateral como quer o prefeito, todos precisamos participar".