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Feliz Alagoas Novo

Plantemos aqui, um Ano Novo corajosamente bom.

Como bons alagoanos que somos, 24 horas antenados no rumo dos ventos, que empurram nossa jangada da sobrevivência pelos mares abertos dos ideais, renovemos a esperança, para que o ano 2010 nos encontre fortalecidos, prontos para remar ou dar braçadas, dispostos a continuar vivos!

Encerramos 2009 alarmados com a violência que imperou sob nossos olhos! Contudo, em muitas situações, era uma simples ilusão de ótica que nos impedia de ver a violência secular que campeia nestas terras! Tem muito sangue adubando esse chão. O que veio à tona é apenas um dos efeitos da violência institucionalizada que tem financiado o sonho de grandeza de muitos dos heróis ao avesso que aplaudimos nas tribunas. Não há novidade na constatação da morte em Alagoas. A novidade será a união popular pela paz! Ecoando o mesmo brado de indignação. Agindo como cidadãos!

Ainda há analfabetismo e fome! Os postos de saúde cheiram a abandono, falta médico para aliviar a dor do pobre. A banalização do crime institucional não deve nos convencer. Não nos acostumemos com a sordidez. É verdade que em alguns dias, de tanto lutar cansamos e parece mais fácil não reagir. Mas a infância e a juventude não se prostrarão com a nossa covardia. Rolarão pelos rincões de um mundo sem sonhos, prontos para virar estatística e silenciar o que poderá ser poesia e esperança: a vida!

Nós não podemos cruzar os braços indefinidamente! Não nós, alagoanos! Temos a generosidade da terra e do mar, os alagadiços do litoral e a firmeza do sertão! Fazemos da mandioca a farinha e do leito dos riachos tiramos o peixe para salgar. Da Mundaú tiramos sururu, da Serra da Barriga tiramos resistência e a cada dia tecemos uma linha dessa nossa História.

Amenizemos o sentir, não nos dispersemos agora, quando tantos já morreram esperando a colheita dessa felicidade social tão facilmente identificada! Tão desejada e omitida. Por alguns achincalhada, os descrentes que gozam das riquezas iníquas, tirando da boca que tem fome. Sejamos as bocas que rezam essa esperança de não enterrar jamais os ideais de vida plena. As bocas impertinentes que denunciam! As bocas que não desistem da poesia!

Feliz 2010 para os que falam, gritam, gemem ou balbuciam a palavra esperança! Para os alagoanos avós, pais, filhos e netos, herdeiros uns dos outros, rumo a um tempo de responsabilidades coletivas partilhadas. Essa terra é nosso jardim, nosso roçado e cobertor! Plantemos aqui, um Ano Novo corajosamente bom.

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