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Vaccari presta depoimento sobre doações ‘legais ou ilegais’, diz PF

Polícia Federal deflagrou nona fase da Operação Lava Jato nesta quinta (5).

GloboNews

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O tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, foi alvo de mandado de condução coercitiva (quando a pessoa é levada para prestar depoimento e depois é liberada), na manhã desta quinta-feira (5), para falar sobre doações "legais ou ilegais" que Vaccari solicitou para pessoas que mantinham contratos com a Petrobras, informou o procurador da República Carlos Fernando dos Santos Lima.

O procurador afirmou que o valor das doações ainda está sob sigilo e que ainda não se sabe o destino do dinheiro. Nesta manhã, a Polícia Federal (PF) realizou busca e apreensão na casa do petista, em São Paulo.

A afirmação foi feita após entrevista coletiva na manhã desta quinta-feira, na sede da Polícia Federal em Curitiba, sobre a deflagração a nona fase da Operação Lava Jato. São cumpridos 62 mandados em 26 empresas, a maior parte delas de fachada, segundo o delegado Igor Romário de Paula. Uma dessas empresas é de Santa Catarina e teria contratos com a BR-Distribuidora. Ainda conforme o procurador, um “grande volume de dinheiro” foi apreendido em duas empresas, mas o valor ainda não foi contabilizado.

A PF também realizou busca e apreensão na casa do petista, em São Paulo. “Temos informações a respeito de doações que ele solicitou, legais ou ilegais, envolvendo pessoas que não tinham contrato com a Petrobras”, disse o procurador. “Nós queremos que ele dê o seu depoimento sobre esses fatos.”

O procurador afirmou que o valor das doações ainda está sob sigilo e que ainda não se sabe o destino do dinheiro. “Não posso dizer o destino porque nem sempre essas doações passam e são claras pelo caminho legal”, disse.

O delegado Igor Romário de Paulo afirmou ainda que Vaccari “tem relação com esse esquema de operadores” existente dentro da Petrobras, de acordo com as investigações da Operação da Lava . “Mas é um momento prévio de investigação apenas”, acrescentou.

Nova fase da Lava Jato
Segundo o delegado Igor Romário de Paulo, a nona fase da operação se destina a colher provas sobre a participação de 11 operadores em um esquema ligado à diretoria de Serviços da Petrobras envolvendo pagamento de propina e lavagem de dinheiro na estatal. O esquema investigado teria atuado até 2014.

A investigação é fruto da denúncia de colaboradores e de pessoas que se dirigiram ao Ministério Público Federal. O cumprimento dos mandados começou durante a madrugada em quatro estados brasileiros – São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia e Santa Catarina.

A operação foi batizada de "My Way" (meu jeito), em referência ao ex-diretor da área de Serviços Renato Duque. Segundo Pedro Barusco, ex-gerente da Petrobras e um dos delatores do esquema, Duque era conhecido dessa forma. Inclusive, de acordo com a polícia, esta nova fase teve como base as informações prestadas por Barusco.

Segundo a PF, os novos operadores investigados atuariam na diretoria de Duque. Já com relação a Duque, o delegado afirmou não ter provas de sua participação. “Se eu tivesse essa prova ele estaria sendo preso agora.”

“Nós temos notícia que esses operadores trabalhavam mais proximamente da diretoria de Serviços. São operadores que agiam na diretoria de serviços e empresas geralmente de intermediação de negócios, consultoria, que fariam notas fictícias”, afirmou o delegado. “Envolve pagamento de propina para funcionários da Petrobras’, complementou.

Conforme o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima, o mandado de prisão preventiva contra um suposto operador do esquema deve ser cumprido no Rio de Janeiro. Outros dois presos temporários foram detidos em Itajaí e devem ser encaminhados a Curitiba durante a tarde. E um terceiro mandado de prisão temporária, também em Santa Catarina, não foi cumprido porque o suspeito está fora do país. “Vamos aguardar porque tem um retorno previsto próximo para o Brasil”, afirmou.

A Polícia Federal salientou que ainda não há acusação formal contra nenhum dos presos. “Estamos semeando. Não é o momento de fazer qualquer acusação. A palavra do colaborador tem força delativa. Hoje nós vamos atrás de provas materiais. A acusação em relação a pessoas vai ser feita no momento da denúncia.”

Suspeita sob Vaccari
Vaccari Neto foi citado pelo ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa e pelo doleiro Alberto Youssef, delatores do esquema, como o operador de propina cobrada pelo PT nos contratos da estatal com outras empresas.

Desde que teve o nome citado, Vaccari tem negado qualquer envolvimento com o esquema do doleiro Alberto Youssef e com as irregularidades na Petrobras. O G1 procura a defesa do tesoureiro para obter uma resposta sobre a condução coercitiva, mas até a última atualização desta reportagem não havia conseguido contato.
Em dezembro, o Hora 1 da Notícia revelou com exclusividade documentos que citam a cunhada de Vaccari Neto como suposta destinatária de dinheiro do esquema de corrupção na estatal. O material faz parte das investigações da Operação Lava Jato.
O Hora 1 teve acesso a documentos que mostram uma negociação entre o doleiro Alberto Youssef e um funcionário da empresa OAS, em que o endereço da cunhada de Vaccari aparece como destino de uma entrega.
Um organograma feito pela Polícia Federal explica a suposta movimentação do dinheiro de Youssef para a empreiteira OAS. Segundo a PF, o funcionário da empresa José Ricardo Breghirolli, preso na operação, orienta Youssef a levar os valores para um endereço específico, o da cunhada de Vaccari, Marice Correa de Lima. O relatório dá detalhes da negociação.
Segundo os investigadores, o documento mostra entregas de dinheiro feitas por Youssef em várias cidades do país.