E o faz em vários aspectos - militar, político, cultural etc.
O brutal e covarde assassinato de Benazir Bhutto, ex-premiê, a principal líder da oposição, sacudiu terrivelmente a situação política do Paquistão, levando-o à beira de uma guerra civil e causando grande impacto em todo o mundo.
Os últimos momentos de 2007 deixaram-nos desagradáveis surpresas, porque além dessa tragédia, houve as eleições no Quênia, na África, com acusações de fraudes, atingindo uma escalada de morticínio onde se pode prever mais um período de sangrentas convulsões.
Historicamente, o que há de comum entre esses dois países, é que foram possessões do extinto império colonial britânico. No entanto, a Inglaterra continua influenciando economicamente as suas antigas propriedades territoriais. E o faz em vários aspectos – militar, político, cultural etc.
Os espaços geopolíticos de considerável proporção do continente africano e do subcontinente indiano, continuam sob a ingerência britânica, reforçada através do poderio de novo império, o norte-americano, que encontra no Reino Unido um fiel vassalo.
Tantas e variadas crises, desencontros históricos, ódios insuperáveis, conflitos territoriais, governos despóticos, movimentos separatistas, “crises étnicas” – um eufemismo para classificar o tribalismo na região, representam o legado deixado pelo colonialismo britânico, como se fosse uma espécie de bomba de efeito retardado, sobre as nações que conquistaram a libertação.
Aliás, é bom frisar que, se consideramos as ex-colônias, inclusive as inglesas, constatamos guerras intestinas, intervenções externas, genocídios, ciclos de mortandade através da fome generalizada ou pandemias letais, e concluímos que os atuais e fundamentalistas homens bombas, causam menos vítimas fatais do que tantos e variados efeitos colaterais deixados pelos antigos colonizadores.
As crises contemporâneas na Ásia, na África, no Extremo Oriente, na Palestina, no subcontinente indiano, e outras regiões do mundo, são conseqüências do passado colonial e resultado das ingerências sistemáticas, abertas ou camufladas, dos interesses do novo império, o norte-americano.
A emancipação da Índia, dirigida pelo lendário Mahatma Gandhi, batendo-se pela independência e unidade do seu país, que incluía, à época colonial, o atual Paquistão, lembra-nos, que apesar dessa herança maldita, é possível lutar por um mundo sem as garras predadoras dos impérios.