Data é comemorada nesta quarta-feira (16)
A Tarde
O uso abusivo das cordas vocais, maus hábitos alimentares ou o consumo de cigarros e de álcool são as maiores causas do câncer de laringe, que tem como sintoma principal a rouquidão persistente e é um grave problema de saúde no Brasil, segundo País do mundo em que a doença (detectável através de um exame chamado laringoscopia) ocorre com mais freqüência. Este é um dos motivos para que nesta quarta-feira, 16,, Dia Nacional e Mundial da Voz, sejam realizados em todos os Estados a Campanha da Voz, que estimula os brasileiros a cuidarem deste aspecto da saúde que envolve otorrinos, gastroenterologistas e fonoaudiólogos, entre outros profissionais de saúde.
O otorrino e cirurgião de pescoço e cabeça Roberto Santos explica que, no mundo globalizado, os problemas relacionados à laringe e à voz atingem os mais variados tipos de pessoas. Professores e cantores, no entanto, integram as categorias que apresentam mais problemas nesta área. Segundo o especialista, apesar de formalmente não haver a caracterização, estes profissionais muitas vezes são portadores de lesões por esforço repetitivo nas cordas vocais, resultando na formação de cistos, pólipos, papilomas e tumores.
Em muitos caos, é possível obter bons resultados através da parceria otorrino-fonoaudiólogo. Porém, mesmo nos casos cirúrgicos, é possível recuperar a voz em alguns meses, assegurou. As enfermidades mais comuns são o fibroma ou nervus, mais conhecidos como calos vocais. A professora e diretora de imprensa do Sindicato dos Trabalhadores em Educação da Bahia (APLB – Sindicato), Mônica Muniz, disse que ao longo de 14 anos de magistério teve vários problemas, como cisto, fenda e disfonia tonal (afonia). Somente depois de três anos de tratamento de fonoterapia e prática de muitos exercícios conseguiu melhorar os sintomas. “Água e maçãs são meus grandes aliados para manter a saúde”, disse.
PESQUISA – Enquete realizada pelo sindicato com três mil professores de Salvador e de municípios baianos, em 2007, revelou que 50% dos entrevistados apresentava algum tipo de distúrbio da voz. Mônica Muniz disse que a APLB defende que os docentes das redes estadual e municipal de ensino sejam acompanhados por otorrinos e fonoaudiólogos, e trabalhem 20 horas em sala, com outras 20 dedicadas ao estudo e preparação de aulas. “Quando a gente não sabe usar um instrumento, é claro que ele desafina. Depois do tratamento, não altero mais a voz nas classes. Meu silêncio fala mais alto”, explica Mônica.
Essa estratégia é uma das recomendações da fonoaudióloga Terezinha Torres. Ela acrescenta ser necessário ingerir muita água e gozar de descanso vocal após um esforço intensivo. Ela destaca ainda a indispensável parceria entre otorrino e integrantes de sua categoria profissional para solucionar estes problemas. “Qualquer rouquidão de mais de três meses exige uma ida ao otorrino”, assegurou.
Curiosamente, o maestro de corais Keiller Rêgo comemora aniversário neste dia 16 de abril e diz que cantar vem do latim acetuare, ou seja, acentuar, falar de maneira aumentada ou exagerada. “Cantar é um processo de equilíbrio e de harmonia. Mas tensões e estresse levam ao desaprendizado do modo correto de respirar. O jeito é reaprender através de exercícios que ajudam a recuperar a saúde e a alegria de viver”, ensina.
INTUITIVOS – Vendedores ambulantes também costumam ser vitimados por problemas relacionados às cordas vocais. Mas, enquanto uns se cuidam, outros preferem ignorar os sintomas. Vendedor do apito gaiato, ou “ai, ai, ai, titia”, Igorbergue Assis Santos, 26 anos, trabalha há dois vendendo de 30 a 40 unidades por dia na base do gogó.
Ele deixou de fumar porque a “boca estava sempre seca” e adquiriu hábitos como água em quantidade todos os dias. Para passar dicas sobre a voz, criou na Orkut a comunidade “Ai, ai, ai, titia”. Menos cuidadoso, Gerson Luís comercializa aparelhos de barbear e tem que atrair o fregueses todos os dias. “Às vezes, fico rouco ou a voz vai toda embora. Aí descanso e venho outro dia”, explicou.