Medida adotada pela Secretaria Municipal de Saúde nesta quarta-feira, 16, ainda não teve resultado prático. 'De cada dez pacientes que recebemos, pelo menos sete poderiam ser tratados em outros locais', diz Gilberto Salustiano.
Pacientes continuam tendo que esperar para receber atendimento no hospital
Desde esta quarta-feira, 16, as unidades de saúde do município começaram a disponibilizar horário integral para atendimento de casos suspeitos de dengue, com o objetivo de desafogar o atendimento no Hospital Hélvio Auto, no Trapiche. Segundo informações da Secretaria Municipal de Saúde as equipes das unidades estão preparadas para atender e orientar a população, além de realizar uma triagem dos casos suspeitos, encaminhando ao hospital somente os que tiverem diagnóstico positivo.
No final da tarde, a equipe do Alagoas24horas esteve no Hélvio Auto e conversou com os médicos para saber se a medida já tinha algum reflexo positivo. Os três médicos residentes, dois plantonistas e quatro estudantes que se revezavam no atendimento aos pacientes foram unânimes em afirmar que a situação de sobrecarga do hospital escola continua.
“O hospital é referência em dengue hemorrágica e o que ocorre é que estamos recebendo pessoas com sintomas não compatíveis com o quadro da doença. Qualquer mal-estar ou sangramento está sendo encaminhado como suspeita da doença, sem contar com os casos de gripe e amidalite”, informou o médico Gilberto Salustiano.
Ele conta que o hospital tem recebido entre 150 e 180 pacientes diariamente e que, em menos de 20% dos casos, havia real necessidade de encaminhamento para o hospital. “De cada dez pacientes, pelo menos sete poderiam ser tratados em outros locais”, diz Salustiano, cobrando que as unidades de saúde e os outros hospitais passem realmente a realizar uma triagem antes de encaminhar o paciente para o Hélvio Auto.
Os médicos afirmaram que, em razão da falta dessa triagem, pacientes e familiares se irritam com a demora no atendimento e, não raras vezes, chegam a faltar com respeito aos profissionais que trabalham no hospital.
“A nossa preocupação é que a situação piore, pois quando voltar a chover as pessoas vão se apavorar ainda mais. Ontem já não havia vagas para internação, nem na enfermaria geral nem na pediatria”, frisou o médico, acrescentando que outro fato que contribui para a sobrecarga do Hélvio Auto é o fato de muitas vezes os leitos serem ocupados por pacientes que já deveriam ter recebido alta, mas cuja família se recusa a ir buscar.
Salustiano concluiu informando que o exame para confirmar o diagnóstico da dengue não é realizado antes de 72 horas após o aparecimento dos sintomas da doença, que em sua forma mais grave, a hemorrágica, provoca dor abdominal intensa, insuficiência respiratória, tontura aliada a hipotensão e plaquetopenia (identificada por meio de exame) e desidratação.
A Secretaria Municipal de Saúde informou que irá encaminhar ao Laclim os exames de sorologia para dengue, para que sejam confirmados ou não os diagnósticos e que já foram iniciados os contatos com os hospitais credenciados pela SMS para o atendimento de pacientes do SUS (Hospital Universitário, Santa Casa de Misericórdia, Hospital Sanatório e Usineiros) para que estes realizem a internação de pacientes que necessitem de cuidados específicos.
Neste primeiro momento, o horário especial – das 7h às 22h, incluindo sábados e domingos – será colocado em prática nos PAMs Salgadinho, Bebedouro e Dique-Estrada e nas unidades de saúde da Pitanguinha, João Paulo II (Jacintinho), Ib Gatto Falcão (Colina dos Eucaliptos), Caic Benedito Bentes e Graciliano Ramos.