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Agredida em festinha

Testemunhas:Isabella foi ameaçada pelo pai no dia do crime.

SÃO PAULO – Depoimentos colhidos pela Polícia Civil de São Paulo revelam que a menina Isabella foi agredida e ameaçada pelo pai, Alexandre Nardoni, 29 anos, horas antes de ser assassinada, no dia 29 de março. Nardoni e Anna Carolina Jatobá, 24, sua mulher e madrasta de Isabella, foram indiciados sexta-feira pelo assassinato da menina. As atitudes hostis do pai contra a filha ocorreram numa festa no prédio dos pais de Anna Carolina, depois que o casal foi filmado em um supermercado próximo.

De acordo com reportagem da revista ‘Veja’, testemunhas disseram à polícia que, na festa, Isabella provocou reação furiosa do pai. Alexandre teria gritado com a menina e lhe dado um tapa que a derrubou. Ainda no chão, Isabella ouviu do pai: “Você vai ver quando chegar em casa”, segundo testemunhas.

Alexandre e Anna Carolina foram convocados pela polícia para participar da reconstituição do crime, que deve ocorrer nos próximos dias. Será a última etapa do inquérito. A expectativa é que a Justiça receba terça-feira o pedido de prisão preventiva do casal.

Previstos para ontem, os depoimentos de Antônio e Cristiane, avô e tia de Isabella, foram adiados para terça-feira. Os advogados da família e os delegados entraram em acordo para a transferência por causa do esgotamento de ambas as partes. De sexta-feira para sábado, os depoimentos de Alexandre e Anna Carolina duraram 17 horas.

Todos deixaram o a delegacia quase às 5h, porque tiveram que ler e reler as 13 páginas do interrogatório da madrasta e as outras 20 páginas do de Alexandre.

Pressão na boca para evitar gritos

Os laudos finais da perícia feita no carro, no edifício e no apartamento de Alexandre mostram que a parte interna dos lábios de Isabella foi ferida antes de ela ser jogada pela janela. Isso, segundo os peritos, revela que houve pressão na boca da criança, com o objetivo de impedir que ela gritasse. Enquanto Isabella foi levada do carro para o apartamento, seus braços foram segurados com força. Ela estava inconsciente ou imobilizada pela pessoa que a transportou — que, segundo a perícia, tem as mesmas características físicas do pai.

As conclusões dos laudos foram fundamentais para que a polícia indiciasse o casal, durante os depoimentos prestados no 9º Distrito Policial (Carandiru). Com base na seqüência dos fatos apontados pelos legistas, os policiais buscaram a estratégia de oferecer à madrasta a possibilidade de responder criminalmente por lesão corporal dolosa — e não por homicídio —, uma vez que Isabella morreu em decorrência da queda. Ela não aceitou a proposta.

Nas oito horas em que respondeu às 50 perguntas da polícia, Alexandre chorou em algumas ocasiões. Principalmente, quando lhe foi mostrado álbum de fotos da menina. Anna Carolina foi inquirida por cinco horas. Não demonstrou emoção e respondeu com um inóquo “desconheço” a muitas das questões.

O DIA/RJ