'Há uma grande má vontade. Uma força superior que manda nos deputados e está 'mangando' da sociedade', desabafou Zé Maria Tenório, um dos suplentes que aguardam para tomar posse na ALE.
O impasse sobre a Mesa Diretora da Assembléia Legislativa do Estado de Alagoas pode estar se aproximando do fim. Pelo clima que se instalou no plenário, poucos minutos antes dos deputados estaduais se reunirem para entendimento de liderança, tudo indica que o grupo dos afastados, liderado pelo presidente Antônio Albuquerque (sem partido) deve mesmo ser destituído.
O grupo de oposição a Albuquerque – liderado por Judson Cabral (PT), Paulo Fernando dos Santos, o Paulão (PT), e Rui Palmeira (PR) – ganhou força e já conta com pelo menos 10 deputados estaduais. A eleição pode acontecer hoje porque 15 parlamentares se encontram na sede provisória do Poder Legislativo.
No entanto, conforme informações de bastidores, alguns deputados – da base de apoio dos afastados – ainda articulam a permanência de Albuquerque na Mesa, mesmo estando ele distante da Casa Tavares Bastos. A eleição apenas para os cargos vagos é defendida por Gilvan Barros (PMN), que preside a sessão. A Assembléia Legislativa precisa eleger um novo comando, até mesmo por ser a única forma de ordenar as despesas da Casa.
Com o atraso das eleições e sem uma presidência, nem primeira secretaria, o Poder Legislativo corre o risco de atrasar ainda mais todos os seus pagamentos, inclusive o de servidores e deputados estaduais. Estão presentes, Cláudia Brandão (PM), Gilvan Barros (PMN), Jota Cavalcante (PDT), Ricardo Nezinho (PTdoB), Paulão (PT), Judson Cabral (PT), Marcos Ferreira (PMN), Zé Pedro (PMN), Sérgio Toledo (PMN), Cáthia Lisboa Freitas (PMN), Rui Palmeira (PR), Alberto Sextafeira (PSB), Flávia Cavalcante (PMDB), Marcos Barbosa (PPS) e Fernando Toledo (PSDB).
A sessão está suspensa há cerca de uma hora. Antes da suspensão para suposto entendimento de lideranças, a deputada Cláudia Brandão fez um pronunciamento contundente na tribuna da Casa, cobrando as eleições para uma Mesa completa, destituindo os afastados.
Depois que vários parlamentares renunciaram aos cargos que ocupavam na Mesa Diretora, a começar pelo presidente em exercício, Alberto Sextafeira, o deputado Gilvan Barros passou a assumir as sessões por ser o que tem maior número de mandatos e convocou uma eleição para os cargos vagos. No entanto, há um grupo – que inicialmente era formado por seis deputados – que não aceitavam e queriam uma eleição completa, para uma nova Mesa Diretora. Este grupo conseguiu articular dois boicotes às tentativas de eleição e cresceu. Atualmente, fazem parte dele cerca de 10 parlamentares.
A expectativa do grupo era aumentar mais ainda, já que os suplentes dos afastados, também demonstravam interesses de uma nova Mesa Diretora. Os suplentes só assumem também por conta de uma decisão judicial de Antônio Sapucaia. A Assembléia Legislativa tem até 24 horas para dar posse aos substitutos provisórios dos que foram retirados de suas cadeiras de deputados estaduais. O prazo se encerra às 17h de amanhã.
Os quatro suplentes – que ganharam o direito na Justiça – esperaram pela posse durante boa parte da tarde em plenário. De acordo com o suplente Zé Maria Tenório (PMN), somente no começo da noite Gilvan Barros informou que a posse será às 17 horas de amanhã, justamente quando se encerra o prazo. Na avaliação de Tenório, deixar a posse para a última hora é uma forma de ganhar tempo para tentar mais uma ‘jogada’ para que os suplentes não assumam.
“Há uma grande má vontade. Uma força superior que manda nos deputados e está ‘mangando’ da sociedade. Não há coragem de enfrentar esta força por parte de alguns deputados. Eu gostaria de votar em uma nova Mesa Diretora, mas acredito que eles querem realizar a eleição antes de nossa posse, em nome de alguns acordos”, colocou Zé Maria Tenório.
O clima na Casa de Tavares Bastos é de incerteza, mas o desfecho provável é de uma nova Mesa Diretora, se não nesta sessão, na de amanhã, quando se encerra o prazo para a posse dos suplentes.
Além dos suplentes, estão também no plenário os servidores do Legislativo – que esperam o fim da crise, para receberem seus salários – e os policiais civis do Estado de Alagoas. Na avaliação de alguns parlamentares, o impasse se dá porque a influência do grupo afastado ainda é muito forte.