O comandante do CPC, tenente-coronel Dário Cesar, fala sobre a incitação da violência em Alagoas e sobre a facilidade que o cidadão ganhou para se manifestar, principalmente por meio da interatividade do jornalismo on-line.
Em entrevista ao Alagoas24horas, durante a abertura do Estágio de Nivelamento em Operações Especiais, ocorrida neste domingo, 18, na sede do Bope, o tenente-coronel Dário César, comandante do CPC, falou sobre a indignação popular diante do aumento da violência, que se traduz cada vez mais na incitação e na prática do “olho por olho, dente por dente”.
O ponto de partida da conversa foram as manifestações populares diante da morte de Genauro Paulo de Lima, 20, acusado de vários homicídios, durante uma troca de tiros com policiais do Bope, no Conjunto Virgem dos Pobres I. Nos comentários, a polícia e a própria população é incitada a vencer a guerra contra a violência com mais violência.
“A revolta da população é antiga, mas agora é mais fácil percebê-la, já que o cidadão tem como se manifestar publicamente, principalmente por meio da interatividade proporcionada pelo jornalismo on-line. Antes, quando tínhamos somente os jornais impressos, não havia esse feedback, esse imediatismo”, avalia o coronel.
O comandante do Policiamento da Capital argumenta que a vingança é a arma de quem não confia que o Poder Público vá fazer a parte que lhe cabe. “As manifestações vistas nas ruas e na imprensa acontecem não só em Alagoas, mas em todo o País. As pessoas que têm seu direito lesado e não vêem a ação punitiva do Estado, ao contrário, vêem o criminoso voltando rapidamente às ruas, quer respostas”.
O coronel também criticou a situação de alguns presídios alagoanos onde, segundo ele, às vezes sequer é possível distinguir quem é preso e quem não é. “É preciso que o reeducando seja reeducado de fato. Até pouco tempo, veja que absurdo, tínhamos orelhões nos presídios”.
Com relação ao momento vivido no Estado, uma espécie de faxina ética deflagrada junto com a Operação Taturana, o coronel é ainda mais enfático. “Quando aparece alguém que faz o que deve ser feito, a população endeusa, embora isso seja o normal. O normal é a polícia agir, a justiça agir, mas até todo mundo entender isso há um grande caminho a percorrer”, finaliza.