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Encontrado ‘avô’ de peixe-boi da Amazônia

O mamífero tem 45 mil anos.

RONDÔNIA – Fósseis recém-descobertos de um ancestral da espécie aquático, peixe-boi, sugerem que esse animal passou por um surto evolutivo para se adaptar ao ambiente amazônico. O mamiféro atual teria surgido há menos de 45 mil anos — quase nada para a evolução.

A proposta é do paleontólogo Mario Alberto Cozzuol, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Os novos fósseis foram achados num garimpo do município de Nova Mamoré, em Rondônia — curiosamente, um lugar aonde a espécie moderna não chega, por causa da presença de corredeiras.

Em entrevista concedida ao site G1, Cozzuol disse achar que os animais ficaram presos no oeste da Amazônia, com uma população muito pequena, num momento em que as florestas estavam encolhendo na região por causa da mudança climática. Com esse processo, disse ele, a formação de novas espécies foi muito rápida. A idéia, grosso modo, é que o surgimento de uma pequena população isolada criou condições para que as características idiossincráticas desse grupinho se acentuassem e se fixassem. Trata-se de um processo que os biólogos chamam de efeito fundador.

Nascido para mastigar

Por enquanto, Cozzuol só recuperou restos dos maxilares e do palato (o popular céu da boca) da espécie extinta. Esses pedaços de anatomia são muito informativos quando os falecidos são mamíferos, permitindo uma identificação precisa. Foram os dentes que deram ao paleontólogo da UFMG a chave para identificar o bicho como uma espécie intermediária entre o peixe-boi da bacia do Amazonas e o peixe-boi-marinho atual.

Origem

"Existem duas versões para a origem do gênero Trichechus. Uma diz que ele saiu da Amazônia mais de 600 mil anos atrás, dando origem ao peixe-boi-marinho da América e da África", explica Santos. "A segunda diz que o Trichechus entrou na Amazônia muito recentemente e, isolado, originou a espécie amazônica de hoje." Se a primeira idéia estiver correta, o novo fóssil seria um "primo", e não um ancestral do bicho amazônico moderno.

Cozzuol, porém, aposta na segunda hipótese. "A impressão dos dados de relógio molecular de que há uma origem mais antiga da espécie vem justamente do efeito fundador [que levaria os pesquisadores a concluir que o bicho é muito distinto de seus parentes e, portanto, tem uma origem mais antiga]", diz o paleontólogo. Tanto é assim, afirma ele, que ainda hoje é possível encontrar híbridos das espécies marinha e fluvial na foz do Amazonas — o que indicaria a separação relativamente recente.

Fonte: Portal Amazônia com informações do G1 – A.L