Denúncias de irregularidades serão investigadas em Alagoas.
O Ministério Público de Alagoas instaurou procedimento administrativo para apurar denúncias de irregularidades no Programa do Leite em Alagoas. “Por enquanto estamos apenas de posse do laudo do Laboratório Central de Saúde Pública de Alagoas (Lacen/AL), que apontou a presença de coliformes fecais e água no leite distribuído, diariamente, às famílias carentes do Estado, mas precisamos ouvir outras pessoas envolvidas com a questão para decidir qual medida deveremos tomar com relação ao problema”, esclareceu a promotora de Justiça Micheline Tenório, da Promotoria Especializada em Defesa da Saúde, do Idoso e do Deficiente.
Segundo ela, além do secretário estadual de Agricultura, devem ser ouvidos pelo MP o coordenador do Programa do Leite, o diretor da Agência de Defesa e Inspeção Agropecuária do Estado (Adeal), os técnicos do Lacen, a delegada do Ministério do Desenvolvimento Social (MDS), em Alagoas, a Cooperativa dos Produtores de Leite, a Câmara Setorial do Leite e, possivelmente, os representantes das comunidades beneficiadas, para saber o que realmente está acontecendo com o Programa do Leite em Alagoas.
O Programa do Leite faz parte do Programa de Segurança Alimentar do “Fome Zero”, que é desenvolvido pelo Governo Federal, por meio do MDS, numa parceria com o governo do Estado, através da Secretaria Estadual de Agricultura. Segundo Micheline, foram analisadas 16 amostras de diferentes fornecedores de leite, sendo que a maioria apresentava problemas de contaminação ou por um número excessivo de coliformes fecais ou pela grande quantidade de água na mistura, além da gordura, o que diminui a qualidade do alimento que é direcionado a crianças, gestantes e idosos.
Ao todo, o Programa do Leite em Alagoas atende cerca de 53,5 mil famílias de baixa renda no Estado, que recebem por dia cerca de 15 mil litros do produto. “Além da contaminação, o que indica a falta de cuidado no processo de industrialização do leite, há esse agravante com relação a grande quantidade de água e a diminuição da gordura, o que compromete a qualidade do produto”, destacou a promotora. Segundo Micheline Tenório, o laudo do Lacen traz os esclarecimentos acerca dos parâmetros analíticos, com relação a quantidades de coliformes fecais, a acidez do produto e o índice crioscópico (que investiga a adição de água ao leite).