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O homem morre pela boca – José Wanderley

Tudo que você ingere em excesso é transformado em lixo...

Agência Alagoas

Vice-governador de Alagoas, José Wanderley Neto

As pessoas querem viver muito mas ninguém quer ficar velho. É uma das eternas contradições humanas. O fato é que da vida ninguém escapa e se a indesejada das visitas demorar, estaremos expostos a uma série de doenças que os médicos chamam crônico-degenerativas, agrupadas em dois blocos, as cardiovasculares e as ligadas ao câncer.

Embora muitos cientistas empenhem-se exaustivamente e milhões de dólares sejam gastos por empresas no mundo inteiro, a gênese da maioria delas continua obscura. Por que em algum momento uma minúscula célula de um de nossos órgãos resolve enlouquecer e não parar mais de reproduzir-se, transformando-se em um tumor que pode espalhar-se por todo o corpo? Quem dá esta ordem? Algumas vezes acontece num jovem ou criança que nem começou a vida, mas o mais comum é nos idosos. Quanto mais idade mais risco se tem de ser atropelado por uma destas doenças.

O que todos sabemos é que recebemos dos nossos ancestrais carga genética que nos deixa vulnerável a um determinado tipo de doença. Sabe-se que determinada família morre de câncer ou de infarto ou tem fatores de risco de desenvolverem a doença, como a diabetes e hipertensão arterial, causadoras de doenças do coração. Sabe-se também que os que nascem sem esta herança genética podem adquirir outros fatores de risco como o hábito de fumar, ligado as doenças do coração e diversos tipos de câncer, dos quais o de pulmão é o mais importante.

Se há um hábito que é comum a estas duas ameaças, doença cardíaca e câncer, é o hábito alimentar. O japonês, por exemplo, come pouca carne e tem pouca doença cardíaca, em contraposição tem mais câncer de estômago. A comida que é nosso combustível e para alguns fonte de prazer, é também nosso algoz. Se não comemos entramos em inanição que pode levar a morte. O outro extremo, comer em excesso, leva a obesidade, hoje rotulada como um problema de saúde pública, como fator de risco para outras doenças graves e mortais.

Portanto tem todo sentido o adágio popular de que o homem morre pela boca. Convém lembrar que este risco não se restringe só ao sentido nutricional. A boca também emite sons, palavras e estas às vezes provocam a ira alheia e indigestão no boquirroto quando não, coisa pior. Quem de nós não ante um acesso de verborragia não foi lembrado de que em boca fechada não entra mosquito ou que, quem muito fala corre o risco de dar bom dia a cavalo? Se nesse campo é difícil o conselho, em relação á comida é muito mais fácil, até porque comer em tempos de escassez pode ser um bom negócio ou o possível.

O exemplo vem da Espanha, onde se tem uma das populações mais longevas do mundo com a menor taxa de doenças cardíacas do mundo. O fato é atribuído á dieta, batizada “dieta do mediterrâneo”, á base de peixe, verduras, azeite de oliva e vinho tinto. Já foram identificadas nestes ingredientes substâncias protetoras do coração. Lembre-se de que tudo que você ingere em excesso é transformado em lixo que é armazenado no corpo e como todo lixo, prejudica o meio ambiente, no caso você. Não podemos viver sem comer, é certo, mas não podemos ir ao extremo que é viver para comer. Na prática lembre-se de que a entrada é franca e sem barreira, já a saída é estreita e tem fechadura. Logo o que entra fácil, sai com dificuldade. O equilíbrio está em saber administrar a quantidade e a qualidade do que se ingere, embora na vida uma das artes seja engolir sapo, sem reclamar.

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