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Conforto na cadeia

Presos de Bangu, comem churrasco e usam calçados importados

Rio – Bem diferente da vida que levavam, os presos em Bangu 8, como é mais conhecida a Penitenciária Pedrolino Werling de Oliveira, tentam amenizar a nova realidade com pequenos ‘luxos’ que estavam acostumados antes da vida no atrás das grades. Segundo agentes, na cela onde fica o ex-banqueiro Salvatore Cacciola, 64 anos, por exemplo, há TV, DVD e um frigobar, o que não seria permitido.

No presídio estão, além de Cacciola, o deputado estadual Natalino Guimarães (DEM) e seu irmão, o vereador Jerônimo Guimarães Filho, o Jerominho (PMDB), o ex-chefe da Polícia Civil Ricardo Hallack, inspetores de polícia, policiais militares, bombeiros, acusados de integrar milícias, presos com curso superior e ricos anônimos.

No lugar da comida da cadeia, Cacciola come lagosta, massas e salmão, contam policiais. O prato preferido pelos detentos de Bangu 8 é o churrasco. Presos usam roupas de boa qualidade e calçados importados. Mas no dia-a-dia do cárcere todos têm que cumprir horários e normas. São obrigados, por exemplo, a estar de pé às 8h para o confere (contagem dos presos). Quem não estiver posicionado na porta da cela, fica sujeito a ter a infração anotada na ficha como mau comportamento.

Alguns detentos jogam futebol, mas enfrentam um problema constantemente: a cerca especial em torno da quadra, de 15 metros quadrados, fura a bola. fNatalino e Jerominho.

CONVERSAS DURANTE BANHO DE SOL

A reunião dos vips acontece durante o banho de sol, entre 8h30 e 17h45, na quadra da unidade. Geralmente usando bermuda e camisa pólo e calçando mocassins ou sandálias de couro, Cacciola conversa de maneira bem à vontade com os companheiros. Segundo os agentes, ele andou confortando Hallak, que parece deprimido. A conversa teria acabado em boa gargalhada. Apesar do aparente bom humor, os agentes dizem não saber se o ex-banqueiro sorri de ironia ou para demonstrar falsa tranqüilidade.

Um dos pontos altos da hora do “lazer” é o futebol. De um lado o time dos PMs; do outro, o de policiais civis — e a disputa é acirrada. Os irmãos Natalino e Jerominho, segundo agentes, gostam de assistir as partidas. À noite, a diversão é outra. Parte dos 105 presos de Bangu 8 assistem à TV coletiva. Às 22h, ela é desligada, mas em dia de futebol fica até depois das 23h.

O DIA/RJ