O delegado Luis Marques falou sobre o trabalho da PF no combate ao crime eleitoral – revelando que há agentes infiltrados em vários municípios – e sobre as pessoas detidas hoje, sob a suspeita de realizar cadastro para vereador.
Em entrevista coletiva concedida na tarde desta sexta-feira, 22, na Superintendência da Polícia Federal, em Jaraguá, o delegado Luis Marques falou sobre o trabalho da PF no combate ao crime eleitoral e ao episódio ocorrido na manhã de hoje, quando agentes da PF detiveram seis pessoas – cinco mulheres e um homem – no bairro da Ponta da Terra, sob a suspeita de estarem realizando cadastro de eleitores.
O delegado disse que os agentes foram até o local depois que a OAB-AL encaminhou à PF a denúncia de que uma pesquisa estava sendo feita com a finalidade de formação de cadastro para compra de votos.
Em depoimento, as mulheres informaram que estavam fazendo uma pesquisa pela empresa Dinâmica Consultoria, contratada pelo vereador – e candidato à reeleição – Marcos Alves, sobre intenção de voto.
Os agentes apreenderam o material da pesquisa, várias fichas já preenchidas com os nomes e endereços das pessoas que deveriam ser ouvidas e as perguntas sobre a opção de voto para prefeito e vereador por Maceió. Na maioria das fichas constava o nome de Marcos Alves. “Elas negaram o cadastro e a indução ao nome do candidato na pesquisa”, afirmou o delegado.
A chefe de gabinete do vereador também esteve na PF e confirmou que o candidato contratou a pesquisa – que não foi registrada na Justiça Eleitoral – não para divulgação, mas com a finalidade de saber sobre as intenções de voto na localidade.
“Não há comprovação de crime eleitoral, mas, em alguns casos essas pesquisas são feitas para confirmar um cadastro já existente. Vamos continuar investigando e na próxima semana vamos ouvir um representante da Dinâmica para saber como os nomes dos pesquisados eram definidos”, informou Marques, acrescentando que não está descartada a possibilidade de convidar o vereador para prestar esclarecimentos.
Luis Marques disse que, por meio do telefone 3216-6767, cerca de cinco denúncias – a maior parte anônima – chegam à PF diariamente sobre crimes eleitorais em todo o Estado. “Trabalhamos infiltrados em vários municípios alagoanos, de onde vêm cerca da metade das denúncias”, afirmou.
Ele explicou que integra o Grupo Especial de Enfrentamento de Crimes Eleitorais (Gecre) composto por três delegados da Polícia Federal – ele, Antônio Delfino e Emerson Silva -, criado com o objetivo de atender a demanda das denúncias e investigar crimes eleitorais. Além dos delegados, integram o grupo agentes da Polícia Civil e da Polícia Militar.
“Estamos investigando duas denúncias mais fortes de crime eleitoral, uma no interior e uma na capital”, finalizou o delegado, sem revelar detalhes para não prejudicar o andamento das investigações.