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Polícia indicia cirurgião

Médico foi responsabilizado por morte de paciente.

Caxias do Sul – Baseado em laudos do Instituto-geral de Perícias (IGP), o 1º Distrito Policial (1º DP) responsabilizou o médico João Fernando dos Santos Mello, 48 anos, pela morte da dona de casa Noema Oliveira Vieira, 57. A mulher era paciente de Mello e teve complicações depois de ser submetida a uma cirurgia de lipoaspiração e abdominoplastia no dia 16 de junho, na Clínica Línea Cirurgia Plástica, no bairro Lourdes. O resultado do inquérito, divulgado ontem, indicia o médico por homicídio culposo (sem intenção de matar).

O resultado da investigação saiu quatro meses após a conclusão de outro inquérito do 1º DP, no qual Mello foi responsabilizado pela morte de uma paciente na mesma clínica. Em 7 de fevereiro de 2007, a auxiliar-administrativa Fernanda Zanuz Cousseau havia passado por um procedimento estético semelhante e morreu horas depois na sala de recuperação. Nesse inquérito, a anestesista Marialma Pacheco de Oliveira Castilhos foi apontada como co-autora.

Em relação à morte de Noema, os investigadores também indiciaram três técnicas em enfermagem por falso de testemunho. Os nomes não foram revelados pelo delegado Vítor Carnaúba. Ele alegou que as funcionárias da clínica teriam o direito de se retratar caso o inquérito se transforme em processo judicial. O relatório do 1º DP está sendo analisado pela promotora Maria Aline Conceição Sanchotene, que decidirá se oferece denúncia à Justiça ou se solicita novas diligências.

O Departamento Médico Legal (DM) não soube definir as causas do óbito de Noema. Porém, os peritos entenderam que a morte poderia ter sido evitada se o médico tivesse prestado o atendimento pós-operatório pessoalmente. A mulher deixou a sala de cirurgia às 16h.

Em depoimento à polícia, Mello admitiu que saiu da clínica depois do procedimento e teria se deslocado a Farroupilha, deixando a paciente sob cuidados das técnicas em enfermagem. Ao ser informado por telefone sobre o estado da mulher, ele orientou as funcionárias que dessem à Noema dois tipos de medicamentos. A dona de casa não reagiu e teve de ser atendida por uma ambulância da SOS Unimed, mas não morreu na clínica.

Outra prova que reforçaria a tese dos peritos é a ficha que controla a evolução de pacientes de cirurgia. O documento apreendido pelo Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio Grande do Sul (Cremers) informava que Noema não estaria bem ao ser levada para a sala de recuperação. Segundo os peritos e a Polícia Civil, ela deveria ter tido o acompanhamento de um médico. Cuidado que não teria sido observado.