O banco de dados será mundial.
Nos próximos dias, a Polícia Federal (PF) contará com uma ferramenta a mais no combate à pedofilia na Internet. O Sistema de Monitoramento de Exploração de Crianças – ou Child Exploitation Tracking System (Cets) – foi desenvolvido pela Microsoft, com o apoio da Polícia Federal do Canadá, e distribuído para vários países. Com ele, a PF estima que será possível identificar e punir um número três vezes maior de pedófilos que atuam na web.
A PF espera ampliar o uso da ferramenta para as Polícias Civis dos Estados, o que permitirá que as Secretarias de Segurança Pública também tenham acesso ao banco de dados mundial. Ele é testado pelos agentes brasileiros há mais de um ano e será oficialmente lançado na semana que vem.
O perito Paulo Quintiliano, do Instituto Nacional de Criminalística da Polícia Federal, explica que o Cets é um banco de dados que reúne informações de vários países relacionadas à pedofilia na Internet. Segundo ele, se o País passa a ter acesso ao banco de dados, as autoridades policiais conseguem informações precisas sobre a atuação dos pedófilos digitando o nome ou apelido utilizado por ele na web.
"A ferramenta possibilita um intercâmbio de informações. Muitas vezes uma pessoa investigada por nós também já está na mira de policiais de outros países. A partir do banco de dados, podemos trocar essas informações e prender o criminoso. Você vai agregando conhecimento e mantendo um banco de dados de inteligência que possibilita a localização geográfica do pedófilo, as regiões onde ele costuma atuar, como escolas", disse.
De acordo com Quintiliano, o novo sistema estava ainda em fase de testes e agora começará a ser utilizado nas investigações da PF, na sede da Polícia Federal, em Brasília. Ele acredita que, por meio deste sistema, as autoridades policiais que investigam a pedofilia na rede poderão trocar informações e ganharão tempo.
"Se a PF de Brasília investiga um pedófilo e digita o nick name (apelido) usado por ele neste sistema, imediatamente surgirão informações sobre ele, caso este mesmo infrator esteja sendo investigado pela PF do Ceará, por exemplo. Isso vai facilitar muito o nosso trabalho", declarou.
Segundo o perito, o sistema teve que passar por adaptações para poder ser utilizado no Brasil. "O sistema ainda estava sendo testado e adaptado à legislação brasileira, que é bem diferente da de outros países. A legislação de outros países é mais permissiva do que a nossa. Lá fora, o policial pode se passar por uma criança na rede para chegar até um criminoso, aqui no Brasil isso já é considerado crime, já é considerado flagrante forçado", disse.
De acordo com a assessoria de comunicação da Microsoft no Brasil, o Cets surgiu em 2005, quando um oficial do Serviço de Polícia de Toronto, Canadá, insatisfeito com a falta de recursos tecnológicos disponíveis para ajudar a resolver esse tipo de crime, encaminhou um e-mail ao Bill Gates pedindo apoio. Em resposta, a Microsoft começou a trabalhar com esse departamento e com a Royal Canadian Mounted Police (Polícia Real Montada do Canadá) para definir de que forma poderia atender às necessidades da força policial.
A nova ferramenta terá seu lançamento oficial na semana que vem no Rio de Janeiro. O anúncio será feito pelo diretor-geral da PF, Luiz Fernando Corrêa, durante a 5ª Conferência Internacional de Perícias em Crimes Cibernéticos (ICCyber 2008), promovido pela Associação Brasileira de Especialistas em Alta Tecnologia (Abeat).
Na ocasião, será anunciado um convênio com a Secretaria de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro para a utilização do Cets. Desta forma, a Polícia Civil fluminense passará, em breve, a integrar o banco de dados mundial.