Julgamento será em júri popular.
O caso do assassinato da jornalista russa Anna Politkovskaya será julgado por um júri popular, informou nesta sexta-feira o advogado de um dos acusados, Murad Musayev. O julgamento será realizado no Tribunal Militar da região de Moscou, mas não se sabe se será a portas fechadas, como acontece com casos de grande repercussão.
Foi o próprio advogado que solicitou a presença do júri popular. Segundo ele, sendo um caso "marcadamente político, sem um júri popular os acusados não teriam nenhuma esperança", declarou Musayev à agência russa Interfax. Os júris populares são considerados mais benevolentes com os acusados do que os juízes, tidos como mais rigorosos por cederem às exigências dos promotores
Nesta quinta-feira, a Promotoria Geral da Rússia enviou para julgamento o caso do assassinato de Politkovskaya, uma das jornalistas mais críticas ao governo russo, especialmente quanto à atuação na região do Cáucaso. Em 7 de outubro de 2006 ela foi assassinada com um tiro na porta do prédio onde morava, no centro de Moscou.
Os réus são Sergei Khadzhikurbanov, um ex-policial, e dois irmãos tchetchênos, Dzhabrail e Ibragim Makhmudov. Eles estão presos desde agosto de 2007. Musayev insistiu na inocência dos acusados e desmentiu as afirmações de fontes judiciais sobre o fato de a Promotoria ter confirmado todas as acusações contra eles no assassinato.
"Enviaram para julgamento os casos de dois motoristas e um intermediário e dizem ter resolvido o caso, quando não sabem quem se encarregou, organizou e efetuou o assassinato", declarou o advogado.
Um terceiro irmão, Rustam Majmudov, considerado autor material do assassinato, está foragido e é procurado internacionalmente. A investigação sobre ele segue em inquérito separado.
Um quarto acusado é o coronel do Serviço Federal de Segurança, Pavel Riaguzov, que, segundo as autoridades, teria informado aos assassinos o endereço de Politkovskaya. O advogado disse que Riaguzov não está acusado diretamente no assassinato da jornalista, mas que estaria envolvido em "outros episódios". Ele responde por extorsão e abuso de poder.
Politkovskaya trabalhava para o jornal "Novaya Gazeta" e, na época de sua morte, fazia uma reportagem sobre as torturas sistemáticas praticadas pelo governo russo na Tchetchênia. O texto da reportagem foi publicado no jornal por seus colegas cinco dias depois de sua morte.
A jornalista havia declarado em várias ocasiões ter recebido ameaças de morte dos serviços secretos russos, do Exército e de outras agências de segurança do Estado.