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Fim do comércio de vale é lamentado

Empresas utilizam o cartão eletrônico.

A extinção do vale-transporte em papel vai acabar com o ganha-pão de muita gente. Andando pelos calçadões do Centro de Aracaju, ainda é possível encontrar ambulantes anunciando a compra e venda do bilhete. “Eu compro por R$ 1,45 e vendo por R$ 1,60. Desta forma complemento a minha renda”, relata José Amâncio dos Santos, que trabalha como ambulante no calçadão da São Cristóvão há sete anos.

Quando não puder mais comprar e vender vales, Amâncio diz que vai continuar com o comércio que já fazia antes dos vales-transportes. “Negocio com vales há cerca de três anos e hoje é onde eu ganho mais, mas se vai acabar, não tem outro jeito a não ser se acostumar. A extinção do vale de papel vai desempregar muita gente, os pequenininhos”, diz o ambulante.

Esta é a situação de um vendedor que fica há poucos metros de José Amâncio. Sem querer se identificado, ele conta que há dois anos garante seu sustento com a comercialização do vale-transporte, que compra por R$ 1,50 e vende por R$ 1,60. “Ainda não pensei o que farei quando ele for extinto”, lamentou, sem também querer revelar quanto ganha por mês com o negócio, assim como José Amâncio. “Não faço conta porque compro pouco, à medida que tenho dinheiro. Compro 100, vendo, e aí vou comprando mais”, diz o ambulante.

Muitos desses vendedores já desistiram do comércio, quando o sistema de bilhetagem eletrônica começou a ser implantado no ano passado. A partir do dia 1º de novembro, o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Aracaju (Setransp) estará encerrando a comercialização dos tíquetes em papel.

De acordo com o sindicato, atualmente 95% das empresas da capital sergipana e da Grande Aracaju já estão cadastradas e seus funcionários utilizando a bilhetagem eletrônica (o cartão Mais Aracaju Vale-Transporte).

Cadastro

Por conta da suspensão, às empresas que ainda não efetuaram o seu cadastro no VT WEB CLIENT, sistema de comércio on-line dos vales eletrônicos, poderá ter problemas para adquirir o benefício que garante o trajeto de seus funcionários de casa para o trabalho, assim como o retorno para seus respectivos lares.

Vale lembrar, no entanto, que as pessoas que possuírem tíquetes após o prazo não precisam se preocupar, pois poderão utilizá-los até que se esgotem. “Os vales em papel não irão perder a validade no momento. Assim como ocorreu com o passe-escolar, eles serão extintos aos poucos. Como as empresas deixarão de comprar, a tendência é que, em pouco tempo, já não estejam mais circulando”, explica José Carlos Amâncio, superintendente do Setransp.

Cidadania

Em novembro, o Setransp lança mais um cartão da bilhetagem eletrônica, o Mais Aracaju Cidadania. Ele é próprio para as pessoas que não possuem vínculo empregatício, não tendo, desse modo, acesso ao Mais Aracaju Vale-Transporte. É útil para quem utiliza o transporte coletivo de forma esporádica, profissionais liberais, donas de casa, trabalhadores informais e todas as pessoas que fazem uso do ônibus nas suas atividades diárias.

Outra grande vantagem para os usuários é a segurança. Em caso de perda ou roubo do cartão, os usuários podem solicitar o bloqueio e preservar os créditos contidos nele. Depois, de posse de uma segunda via, os créditos disponíveis no momento do bloqueio poderão ser utilizados sem qualquer prejuízo para o usuário.

JORNAL DE CIDADE/SE