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ALE debate saúde pública em sessão

Wellington Galvão aproveitou sessão para fazer denúncias.

ALE

Sessão pública discutiu a saúde no Estado

A sessão pública convocada para discutir, nesta sexta-feira (24) a problemática da saúde em Alagoas reuniu diversos segmentos da sociedade alagoana, ligados direta ou indiretamente ao setor. Convocada pelo depuatdo Manoel Sant’Anna (PTB), a reunião no plenário da Assembléia Legislativa discutiu problemas e buscou soluções para superar as dificuldades da saúde pública.

O presidente do Sindicato dos Médicos, Wellington Galvão, aproveitou para denunciar que os médicos plantonistas do Hospital Geral do Estado (HGE) já reclamam da falta de estrutura da referida unidade. “Antes eu dizia que a saúde de Alagoas estava na UTI. Hoje, considero que boa parte de seu corpo já faleceu. Agora pela manhã recebi telefonemas de colegas plantonistas de ontem para hoje, que ficaram com a responsabilidade de acompanhar até 200 pacientes. Qual médico tem condições de realizar um trabalho digno e decente diante de um quadro como esse?”, questionou.

O médico também lembrou que a legislação do Sistema Único de Saúde (SUS) nunca foi totalmente cumprida. O médico também disse que há dez anos cada cirurgião credenciado pelo SUS realizava entre 40 e 50 operações por mês. Atualmente, esses procedimentos ficam em torno de dez. Ele atribui essa diferença ao mau gerenciamento dos recursos públicos para a saúde. Galvão disse, ainda, que outro problema está na remuneração da categoria. Segundo ele, o SUS paga apenas R$ 4 pela curetagem e comparou o salário de médico, com 20 horas semanais fixado em aproximadamente R$ 1,4 mil, com a de um policial rodoviário federal, com nível médio e salário inicial de cerca de R$ 7 mil. Wellington Galvão também prometeu uma demissão em massa dos médicos da rede pública de saúde de Alagoas até o final do ano, caso o governo do Estado não encaminhe, como o prometido, o plano de carreira para a categoria.

O secretário estadual de Saúde, médico André Valente, reconheceu as dificuldades da saúde alagoana, mas destacou o desprendimento de sua equipe para resolver as deficiências. Ele reforçou que o governo do Estado deverá implementar o Plano Diretor de Regionalização da Saúde. O programa consiste no funcionamento de hospitais em cidades-pólo, os quais atenderiam a população do entorno de tais municípios. De acordo com Valente, cidades como Palmeira dos Índios, Delmiro Gouveia, Viçosa, Penedo e outras, no total de 13, seriam beneficiadas. “Os recursos já existem. Para isso, os municípios precisam preencher critérios definidos pelo Ministério da Saúde. É necessário o gestor municipal assumir o compromisso para gerenciar bem esses hospitais, que serão dotados da estrutura necessária”, destacou o secretário.

O suplente Manoel Sant’Anna, propositor da sessão pública, considerou ter contribuído para o trabalho de retirar Alagoas da situação considerada caótica no setor da saúde. Ele anunciou que deverá ser encaminhado, de forma oficial pela Assembléia Legislativa, um relatório contendo criticas, relatando os problemas e buscando soluções. Todas as autoridades ligadas ao setor de saúde pública devem ser informados. De acordo com Sant’Anna, governo estadual, prefeitura de Maceió, os ministérios públicos Estadual e Federal, além das entidades representativas receberão este relatório. “A saúde não pode permanecer nesse quadro atual. É preciso deixar claro qual a responsabilidade de cada gestor público, porque a lei é clara, mas parece que eles não têm esse entendimento”, considerou ele.

O presidente da Assembléia, deputado Fernando Toledo (PSDB), avaliou que a situação de dificuldade da saúde em Maceió se estende por todo o Estado, daí a necessidade de trazer a discussão para o parlamento. “O problema se pontualiza com o caos registrado na Unidade de Emergência da capital”, considerou. Toledo considerou a sessão pública um instrumento importante de contato com a sociedade, segundo ele, este é um fórum para identificar problemas e encaminhar soluções.