Bispo Dulcênio Matos quer incorporação da Igreja do Rosário de volta para a Diocese.
Fundado em 12 de dezembro de 1971, o Museu Xucurus de História, Arte e Costumes de Palmeira dos Índios terá que encontrar um novo local para instalar o seu rico acervo. O museu funciona desde a sua fundação na Igreja de Nossa Senhora do Amparo, um belo templo católico que foi construído por escravos no século passado. A fundação do museu foi iniciativa do primeiro bispo da Diocese de Palmeira, Dom Otávio Aguiar, o escritor e historiador Luiz Torres e o oficial da Marinha de Guerra, reformado, Alberto de Oliveira Melo.
Em 1973, ano do bicentenário de Palmeira dos Índios, foi criada a sociedade que dirige com personalidade jurídica a entidade que também é administrada pela Prefeitura de Palmeira dos Índios, que disponibiliza servidores para o funcionamento do museu.
O museu é aberto diariamente e nos finais de semana recebe muitas visitas de historiadores, pesquisadores e estudantes de todo o Estado e até do País em busca de pesquisas e novos conhecimentos.
Todas as peças existentes no museu foram doadas pela população através de uma campanha que durou dois anos e meio antes da fundação do órgão. Segundo historiadores, a Igreja do Rosário – onde está instalado o museu – foi edificada em 1905 por escravos e os primeiros nativos do município. Seu sino é o mais antigo de Palmeira, foi fundido em 1842 por Francisco Xavier de Santana, na cidade de Salvador (BA).
Quando assumiu o comando da Diocese de Palmeira dos Índios, em substituição a Dom Fernando Iório Rodrigues, dom Dulcênio de Matos decidiu que o templo deve ser incorporado à diocese e que a igreja retorne com as suas atividades religiosas.
O prefeito Albérico Cordeiro (PHS) não viabilizou dentro do prazo estabelecido pela diocese um novo espaço para acomodar o acervo do Museu Xucurus e cabe ao prefeito eleito, James Ribeiro (PSDB), que assume o cargo no início de janeiro de 2009, a missão de instalar o importante acervo histórico em outro local digno e seguro, inclusive com instalação de um circuito interno de segurança.
Pelo seu acervo histórico, o Museu Xucurus é considerado um dos melhores do Nordeste. A revista de circulação nacional Quatro Rodas, o classificou como Museu de Duas Estrelas. O museu é reconhecido de utilidade pública pelo estado de Alagoas e pelo município e é filiado ao Sistema Nacional de Museus.
Na sessão de armaria, dispõe de uma rica coleção de armas do Nordeste. Existe na coleção um revólver usado na Guerra Civil dos Estados Unidos. Bacamartes da época da Guerra do Paraguai e balas de canhão da época do Brasil colonial.
No espaço destinado ao Cangaço, existe um bilhete escrito do próprio punho de Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, um exemplar da Bíblia Sagrada encontrada no seu bornal e uma forquilha que teria sustentado sua tenda quando foi tocaiado e morto na Grota de Angicos, em 27 de julho de 1935, pela Polícia Militar de Alagoas.
Outro acervo rico é o de Arte Sacra, com uma belíssima coleção de imagens dos séculos XVII, XVIII e XIX que são verdadeiras obras de arte barroca. O museu dispõe, ainda, de uma coleção de oratórios que guardam com devoção os santos dos católicos de Palmeira dos Índios, além das jóias que caracterizavam a hierarquia episcopal, composto de cálice, ostensórios e relicários.
Outra atração do museu é uma importante coleção de fósseis onde os estudantes e pesquisadores podem identificar peixes, animais e insetos que povoaram a terra nos seus tempos primórdios.
O museu tem em seu acervo uma preciosa coleção de todos os jornais já editados em Palmeira dos Índios, desde 1865. Existe uma réplica do prelo e tiragem do jornal O Interesse Público, que foi editado em 1865, de propriedade de Antonio de Oliveira Melo, primeiro jornalista palmeirense, que foi denominado como Gutenberg Caboclo.
Outra preciosidade do museu é a coleção da etnologia Xukuru–Kariri, duas tribos que se fixaram no solo palmeirense no início do século XVIII. Essa coleção pertenceu ao escritor e historiador Luiz Torres e compreende várias igaçabas – vasos fúnebres usados pelos índios há mais de 200 anos. Algumas dessas igaçabas ainda contam com restos mortais inclusive com utensílios cerimônias indígenas.