Categorias: Notícias

Teatro do Absurdo em “As Bondosas”

O espetáculo tem apresentação única hoje, a partir das 21 horas, no Teatro Deodoro, Centro de Maceió. Os ingressos serão trocados por um quilo de alimento não perecível. Os ingressos podem ser trocados a partir das 14 horas, na bilheteria do teatro.

Três mulheres, como em Macbeth. São carpideiras. E como no teatro medieval as personagens têm nomes substantivos abstratos: Astúcia, Angústia e Prudência. Elas são as personagens principais da peça As Bondosas, texto de Ueliton Rocon, que dirige o espetáculo com Mirelle Freitas. A montagem, patrocinada pelos Correios e pelo Ministério das Comunicações, é da Cia. de Teatro Lua, um grupo de Fortaleza.

O espetáculo tem apresentação única hoje, a partir das 21 horas, no Teatro Deodoro, Centro de Maceió. Os ingressos serão trocados por um quilo de alimento não perecível. Os ingressos podem ser trocados a partir das 14 horas, na bilheteria do teatro.

No programa da peça há várias referências: ao mito da mulher de Ló, presente na Bíblia; na filosofia se diz ligada ao existencialismo; do ponto de vista teatral, o grupo afirma estar atinado esteticamente ao Teatro do Absurdo e ao Expressionismo. A peça, que é uma comédia, conta a história de três carpideiras, aquelas mulheres que são pagas para chorar por mortos. Mas, há um momento em que tudo muda. Quando participam de um funeral de uma “filha mais jovem de uma família aristocrática”, ficam perplexas diante das hilárias e incomuns situações que acontecem no velório.

No programa de As Bondosas, há a seguinte definição: “A peça é uma sátira sobre a hipocrisia, sobre a enorme distância entre o ‘eu-social’ e o ‘eu-individual’ e, conseqüentemente, sobre a busca da verdade de cada um”.

A mulher de Ló, aludida como fonte de inspiração, é uma metáfora da punição, aqueles que olham para o passado e não seguem adiante. Quando seu esposo, Ló, sobrinho de Abraão, foi avisado pelo Anjo de Deus, de que tinham de abandonar Sodoma, sem olhar para trás, a esposa ao transgredir é punida e se torna uma estátua de sal. Entretanto, o entendimento do grupo, a mulher de Ló, e as Carpideiras da peça, “consideram tudo o que seja diferente daquilo que conhecem como uma ameaça à estabilidade já construída. No íntimo, sentem que querem algo mais, que a vida que levam não atende às suas expectativas”.

O texto de Ueliton Rocon dialoga com o mito da mulher de Ló, para contar uma trama sobre o que acontece quando as pessoas percebem a necessidade de percorrer outros caminhos, mas se sentem presas àquilo que já conhecem. Astúcia, Angústia e Prudência são carpideiras (mulheres que acompanham enterros aos prantos, sem, necessariamente, conhecer o morto) que vivem completamente apegadas ao modo de vida no qual sempre estiveram. São figuras típicas (e até certo ponto, míticas) do interior brasileiro.

De acordo com o grupo, a Cia. de Teatro Lua vem pesquisando o que se convencionou chamar de “Teatro Claustrofóbico”, no qual as intenções e ações das personagens antes de serem percebidas intelectualmente, devem ser percebidas sensorialmente pelo expectador.

SERVIÇO:
O quê: Espetáculo “As Bondosas”, com a Cia. de Teatro Lua, de Fortaleza
Onde: Teatro Deodoro
Quando: hoje, dia 26/01, às 21h
Quanto: 1 kg. de alimento não-perecível
Informações: 3315-5665/8816-6138