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Radialistas deixam a Casa da Comunicação

Sem vizinho para dividir as contas, jornalistas podem seguir o mesmo passo

Após décadas de parceria e boa vizinhança com o Sindicato dos Jornalistas, o Sindicato dos Radialistas vai deixar neste final de semana a Casa da Comunicação, trincheira de luta dos que fazem e fizeram a imprensa em Alagoas, palco de acontecimentos marcantes na história do Estado. A mudança para uma nova sede se dá pelo fato da entidade dos radialistas não poder mais contribuir com as despesas da casa, que vinham sendo rateadas com jornalistas e relações públicas.

Antiga residência do poeta e historiador Jaime Altavila, a Casa da Comunicação, de propriedade do Estado, foi cedida ao Sindicato dos Jornalistas em regime de comodato pelo período de 50 anos. Durante mais de duas décadas, jornalistas, radialistas e relações públicas dividiram o local e pagaram as contas. No entanto, a partir da reforma realizada há cerca de quatro anos, que recuperou, modernizou e ampliou o prédio, os custos de manutenção quadruplicaram, exigindo das entidades um desembolso maior sobretudo com água, energia e segurança. O investimento maior em segurança tornou-se inevitável, uma vez que, junto com a modernidade e a beleza trazidas pela reforma, a Casa se tornou bastante vulnerável.

Com o aumento significativo dos custos de manutenção, a primeira entidade a deixar a Casa da Comunicação foi o Conselho Regional de Relações Públicas, que pagava as contas de água e energia elétrica. Essas despesas tiveram de ser redistribuídas para o Sindicato dos Jornalistas e o Sindicato dos Radialistas, consumindo ainda mais a receita das entidades. Os radialistas, que já arcavam com a segurança, alegam que comprometeram quase todo o seu orçamento, razão pela qual estão mudando de sede.

Com a saída dos radialistas, o Sindicato dos Jornalistas também deverá deixar a Casa da Comunicação em breve. A questão será discutida pela diretoria da entidade na reunião ordinária da próxima segunda-feira. Segundo o presidente do Sindjornal, Carlos Roberto Pereira, a única forma da entidade continuar no local é com a ajuda do Estado. “Já fizemos diversos sacrifícios para manter a Casa da Comunicação e estamos dispostos a dar continuidade. Mas não podemos assumir as despesas sozinhos”, afirmou.

Para Pereira, os jornalistas podem continuar na Casa da Comunicação se o Estado assumir pelo menos a segurança. A reivindicação foi levada antes do carnaval para a Secretaria Executiva de Comunicação, mas até agora os jornalistas não obtiveram resposta. “Expusemos a situação para o secretário adjunto de Comunicação, Marcelo Sandes, e para a superintendente de Jornalismo da Secom, Eliane Aquino. Eles ficaram de conversar com o secretário Eduardo Lobo e com o governador Teotônio Vilela Filho. Nossa proposta é firmar um convênio que permita ao Estado fazer a segurança da Casa”, informa o sindicalista.

Outra alternativa citada pelo Sindjornal é a conclusão, por parte do governo, do projeto que envolve a Casa da Comunicação e Cultura. Iniciado no governo Ronaldo Lessa, ele prevê a transformação do prédio atual em um museu, com a construção, nos fundos, de uma sede administrativa para as entidades. “O prédio atual foi reformado com esse perfil e essas características. Só falta construir a sede administrativa”, conclui Carlos Roberto.

O Sindjornal aguarda por uma resposta do governo até a próxima semana. Se não for dada, o passo seguinte será procurar outra sede.