Os advogados do usineiro João Lyra estiveram nesta terça-feira (16) no Senado para informar ao senador Jefferson Péres (PDT-AM) que ele não quer participar de acareação com Renan Calheiros (PMDB-AL).
Os advogados do usineiro João Lyra estiveram nesta terça-feira (16) no Senado para informar ao senador Jefferson Péres (PDT-AM) que ele não quer participar de acareação com Renan Calheiros (PMDB-AL).
Lyra é o protagonista da denúncia do suposto uso de laranjas (intermediários) para que Renan firmasse sociedade em duas emissoras de rádio e em um jornal no Estado de Alagoas. “Eles alegaram problemas médicos. O João Lyra tem 77 anos e não estaria disposto a enfrentar Renan aqui. A acareação é impossível”, admitiu Péres.
Renan Calheiros já foi notificado e deve apresentar a defesa prévia sobre essa acusação até a próxima segunda-feira (22). O senador pedetista é o relator da representação número três, que investiga o episódio no Conselho de Ética da Casa.
Mesmo sem acareação ou novo depoimento, Jefferson Péres vai encaminhar um questionário para que Lyra responda algumas perguntas sobre a suposta sociedade com Renan.
Em depoimento ao corregedor do Senado, Romeu Tuma (PTB-SP), o usineiro confirmou as acusações.
Sem a acareação, o relator do caso partiu para novas investigações visando apurar as denúncias. Ele encaminhou requerimento de informações à Junta Comercial de Alagoas para descobrir o nome dos sócios nas emissoras supostamente comandadas por Renan Calheiros.
Jefferson Péres também anunciou que requisitou informações ao próprio Senado para saber o nome dos sócios das emissoras que tiveram concessões aprovadas pela Casa. “Eles são obrigados a me informar isso”, garante.
O relator do caso no Conselho de Ética também enviou ofício para convidar Tito Uchôa e Nazário Pimentel a prestarem depoimento no Senado. Uchôa foi apontado por Lyra como o suposto laranja de Renan. Pimentel seria o dono das emissoras de rádio, que teria feito negócios com a família Calheiros e com João Lyra. O presidente licenciado da Casa nega que tenha mantido sociedade com o usineiro.
O Conselho de Ética não tem poderes para convocar testemunhas ou quebrar sigilos bancários e fiscais. Portanto, em caso de negativa das testemunhas, o Conselho de Ética não tem instrumentos legais para força-los a comparecer no órgão disciplinar.
O relator também antecipou que não deve cumprir o prazo de dois de novembro, fixado em acordo de senadores antes da licença de Renan da presidência da Casa. “Vou jogar para mais adiante. Esse prazo é muito curto”, explicou.
O prazo de dois de novembro foi imposto em reunião de 18 senadores no gabinete do presidente do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE). Na ocasião, ameaçaram obstruir até o funcionamento das comissões da Casa, se o prazo não fosse cumprido. Com a saída de Renan, a possibilidade de obstrução está afastada.